O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Sepúlveda Pertence se negou nesta quinta-feira (10) a comentar a decisão do atual presidente da Corte, ministro Gilmar Mendes, de conceder liberdade ao banqueiro Daniel Dantas, preso pela Polícia Federal (PF) por suposto envolvimento em crimes de lavagem de dinheiro, corrupção e formação de quadrilha.
"Advogados não falam sobre causas entregues a colegas", justificou Pertence, ao lembrar sua condição profissional atual. Entretanto ele reforçou críticas de magistrados sobre a conduta dos agentes da PF na Operação Satiagraha. "É evidente que há uma certa espetacularização da atividade policial".
Na última terça-feira (8), dia em que a operação foi deflagrada, o presidente do Supremo já havia criticado o quadro de espetacularização das prisões realizadas pela PF.
Questionado se o ministro Gilmar Mendes teria desautorizado o juiz que decretou a prisão temporária de Daniel Dantas, Pertence disse que esse é um procedimento da rotina do tribunal, que ocorre quando um ministro entende que não há fundamentação necessária para justificar a prisão.
O ex-presidente do Supremo reconheceu que as pessoas menos favorecidas ainda não têm o mesmo acesso ao Judiciário do que aquelas com maior poder aquisitivo. "Há de se fazer um esforço para garantir absolutamente a todos os suspeitos e investigados os direitos elementares para não terem sua imagem destruída por um ato de investigação", defendeu.