Além de apresentar provas e propor o indiciamento de pessoas, a CPMI dos Correios está construindo uma agenda propositiva para não frustrar expectativas. O senador Alvaro Dias (PSDB/PR), titular da comissão, aposta em uma legislação mais rigorosa e vai apresentar um projeto de lei criando uma agência, ou conselho externo, de combate à corrupção: "Vai ser uma agência bipartite, com representantes do poder público e sobretudo do setor privado, com a participação de entidades representativas da sociedade civil. A agência, nos moldes de bons exemplos internacionais, vai sugerir leis que abram caminho para a redução dos índices alarmantes de corrupção".
Alvaro Dias já encomendou estudos sobre os modelos mundiais de instrumentos de fiscalização compartilhada que não estejam submetidos a influências políticas, como as comissões parlamentares de inquérito, nem ao Poder Executivo, como as controladorias que não têm independência. A criação da agência, citada pela colunista Dora Kramer, na edição do jornal O Estado de S. Paulo de domingo, e anunciada ontem pelo senador no plenário, seria "uma espécie de controle externo anticorrupção". "É preciso alterar o conceito distorcido segundo o qual se a CPI não prende, não serve para mais nada. Não podemos deixar que o aplauso da entrada nos desobrigue de, ao fim, fornecer uma sinalização competente para o futuro", disse o senador à colunista.
Durante o pronunciamento em plenário, Alvaro Dias falou que não é só a distorção do conceito de CPI que leva parte da população a afirmar que a investigação sempre termina em pizza, mas a operação-abafa pelo governo: "Há pessoas inteligentes que sabem que aqui há parlamentares comprometidos com uma investigação séria. A criação da agência é uma sugestão que vai ser discutida para que se encontrem ferramentas políticas de combate à corrupção, que estejam à altura da expectativa do povo brasileiro." Alvaro é contra a prorrogação dos trabalhos da CPMI: "É melhor terminar no auge".