Sem reajuste, Polícia Federal marca data para parar

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Sandro Torres Avelar, representante dos policiais federais: clima na instituição é ?muito ruim?.

Brasília – No próximo dia 28, os delegados da Polícia Federal (PF) e demais policiais federais do País vão cruzar os braços e deixar de realizar qualquer tipo de operação. ?A paralisação é de 24 horas e não funcionaremos em todo o Brasil?, afirma o presidente da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), Sandro Torres Avelar. A paralisação ocorrerá no mesmo dia que o Departamento de Polícia Federal completará 44 anos de criação.

O motivo para a ação, segundo Avelar, é o não cumprimento do acordo assinado ?em papel timbrado? no dia 2 de fevereiro de 2006, com o então ministro da Justiça na época, Márcio Thomaz Bastos. O compromisso, afirma Avelar, dizia que haveria um reajuste salarial de 70% dividido em duas parcelas, de 35% cada, e que já estava ?tudo acertado com a equipe econômica do governo federal?.

?Após uma exaustiva negociação ao longo de 2005, conseguimos chegar a este acordo. Mas recebemos a primeira parcela em julho, e não recebemos o restante. Não é mais uma negociação ou uma luta, queremos apenas o cumprimento do acordo?, argumenta o presidente da ADPF, lembrando que, desde a assinatura do acordo, a categoria fez diversas cobranças ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que fosse cumprido o que foi prometido.

De acordo com Avelar, a intenção é diminuir a diferença salarial da categoria entre outros órgãos criminais da União, como o Ministério Público e a Magistratura Federal. ?Não é questão de equiparação. Mas os perfis de um agente da Polícia Federal e do Ministério Público são muito parecidos. Hoje, o salário inicial da PF é menos da metade do que um membro do MP?, salienta. ?Há dezenas de profissionais capacitados saindo do departamento por conta do salário e que, muitas vezes, migram para a carreira de MP. Perder um colega por falta de aptidão dá para compreender, mas perder por conta desta situação é inadmissível?, acrescenta.

O presidente da ADPF afirma que o clima na instituição é ?muito ruim?. ?Estão todos insatisfeitos. Assim não está dando para trabalhar projetos de interesse da PF e da sociedade?, desabafa. Segundo ele, um policial federal recebe, líquido, em torno de R$ 4 mil e um delegado por volta de R$ 7 mil. ?Enquanto isso, outras carreiras do Estado chegaram a ter reajustes de mais de 300%?, diz. ?Nossa diferença continua muito grande e, mesmo que o acordo seja cumprido, continuarem recebendo muito menos que as outras carreiras, o que não é uma tradição na nossa atividade.

Por fim, Avelar diz que espera que, com a paralisação, o governo cumpra o que foi acordado em 2006. ?Esta é uma questão de honra, para recuperar a auto-estima da instituição?, finalizou.

Voltar ao topo