Seis pilotos reclamaram de Congonhas antes do acidente

Pelo menos seis pilotos de aviões que pousaram no Aeroporto de Congonhas na segunda-feira, dia 16, véspera da tragédia com o avião da TAM, e no dia do acidente, reclamaram à torre de controle sobre a pista escorregadia. Foi formada uma cronologia que anunciava a maior tragédia da aviação brasileira. Às 18h50 do dia 17, cinco controladores estavam na torre, além de dois funcionários da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Dois controladores acompanharam visualmente o pouso do Airbus A320 da TAM. Um relatou que a aeronave ?acelerou? após tocar a pista. Os dois funcionários da Anac – Ricardo M. Possidente e Jaime F. dos Santos Filho – faziam acompanhamento do movimento do aeroporto desde que os aviões entravam na pista, até chegar às pontes de acesso aos aviões (fingers). Possivelmente tenham visto também o pouso acidentado. Após a explosão, ambos deixaram a torre.

As reclamações do pilotos sobre a pista lisa, segundo os operadores de Congonhas, começaram na segunda-feira. Nesse dia, a chuva estava mais intensa. Às 7h30, o piloto do vôo da Gol 1879 reportou à torre após pousar que a ?pista não estava grande coisa?. O controlador pediu para que fosse especificado o problema. ?Pouca aderência?, foi a resposta. Um minuto depois, foi a vez do piloto do vôo 3020 da TAM: ?Pista levemente escorregadia.? O livro de ocorrência também tem registros de reclamações dos vôos 3461 da TAM e 1203 da Gol. Foi solicitada inspeção às 12h25. Dezessete minutos depois um avião da Pantanal vôo 4763, rodou no final da pista, após deslizar. Ainda na segunda-feira, às 13h48, o avião da TAM, que fazia o vôo 3215, teve problemas. Só conseguiu parar no final da pista, por causa da pouca aderência, reportada à torre.

A terça-feira começou com uma discussão na troca do turno. A equipe de controladores que assumia o serviço relatou, durante a reunião de briefing, preocupação sobre as condições da pista e sobre as recorrentes reclamações dos pilotos. Uma reunião para discutir o assunto estava marcada para o dia 18. No final da tarde, às 17h05, o comandante do vôo Gol 1697 reportou à torre que a pista se mostrava escorregadia. A chuva estava mais branda que na segunda-feira, mas as operações foram suspensas. Após a reclamação do piloto da Gol, foi pedida inspeção na pista. A verificação feita por técnicos da Infraero durou 13 minutos. As operações foram retomadas às 17h20. Meia hora depois, o TAM 3054 se acidentou, matando quase 200 pessoas.

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