Secretaria diz que não recebeu pedido de demissão de médico que faltou

A Secretaria de Saúde do Rio informou na manhã de hoje que não recebeu pedido formal de demissão do médico escalado para o plantão no dia 24 de dezembro no Hospital Municipal Salgado Filho –data em que Adriele dos Santos Vieira,10, foi encaminhada com um tiro na cabeça.

Adriele permanece internada em estado grave no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Salgado Filho. A cirurgia da menina durou cerca de três horas.

Segundo a secretaria, o médico plantonista Adão Orlando Crespo Gonçalves não comunicou pedido de demissão. O secretário municipal de Saúde do Rio, Hans Dohmann, já abriu inquérito administrativo para apurar por que a menina demorou oito horas para ser submetida a cirurgia e por que o neurocirurgião escalado para o plantão noturno não compareceu. A pasta disse que “lamenta e repudia o comportamento do profissional e aplicará punição ao médico”.

A reportagem não conseguiu localizar o neurocirurgião. Ontem, ele afirmou à TV Globo que havia pedido demissão do cargo antes do plantão.
De acordo com a secretaria, Gonçalves pode ser demitido caso seja comprovada negligência no atendimento de Adriele, que chegou ainda de madrugada no hospital, mas só começou a ser operada por volta das 8h30, quando um neurocirurgião chegou à unidade.

A Polícia Militar informou que Adriele foi atingida enquanto brincava na rua em Piedade, bairro da zona norte do Rio. Segundo familiares, a criança brincava na rua logo após receber como presente uma boneca quando caiu no chão com a cabeça ferida.

Eles só souberam se tratar de um tiro no hospital, quando foram informados de que uma bala estava alojada no crânio. “Na hora ela caiu com sangue na cabeça e desacordada. Só soubemos que era um tiro quando chegamos aqui”, disse ontem, à TV Globo, o pai da menina, Marco Antônio Vieira.

A PM afirmou que não havia registro de tiroteio no local. A suspeita é de que traficantes da favela Urubuzinho atiravam para o alto na noite de Natal. Uma das balas, ao cair, teria acertado Adriele.

“Eram muito fogos e não deu para perceber que havia tiro. Eles devem ter dado muito tiro para o alto e atingido minha filha”, disse Vieira. O caso foi registrado na 28ª DP.

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