No dia em que o governo Geraldo Alckmin (PSDB) dá início às obras de transposição de água da Bacia do Rio Paraíba do Sul para o Sistema Cantareira, quase dois anos após o anúncio, o presidente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Jerson Kelman, afirmou que “não teria o que fazer” para evitar uma nova crise hídrica, caso a estiagem de 2014 se repetisse em 2016. De acordo com Kelman, a obra deve ser concluída em abril de 2017, mas só deve entrar em operação normal seis meses depois.

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“Se ocorressem as condições hidrológicas de precipitação de 2014 em 2016, nós não teríamos o que fazer. A nossa sorte é que as precipitações que estamos observando neste verão trazem um cenário diferente”, afirmou o presidente da Sabesp, em entrevista à Rádio Estadão, nesta terça-feira, 16.

Kelman afirma que, durante a crise hídrica, São Paulo passou a produzir 18 mil litros por segundo de água a menos, por causa da seca provocada pela falta de chuvas em regiões de mananciais, principalmente no Cantareira. Para evitar a repetição desse quadro, seriam necessárias obras estruturais, segundo o presidente da Sabesp, para captar água de outros reservatórios.

“Esse enfrentamento se dá por varias obras. (Há) três de grande porte: essa da ligação Jaguari-Atibainha, que pode trazer mais 5 m³/s, em média, e chegar a 8,5 m³/s em uma situação de crise mais aguda; outra obra que já está sendo construída, do Vale do Ribeira, do (Sistema) São Lourenço, que traz 6 m³/s a mais; e a terceira, de 2,5 m³/s, que traz água do Rio Itapanhaú”, disse Kelman. “Essas obras estruturais não estão prontas ainda, mas não há possibilidade de que as chuvas poucas se repitam.”

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Obras

Anunciada em março de 2014, a transposição do Paraíba do Sul protagonizou polêmica e motivou disputas entre os governos de São Paulo e do Rio de Janeiro, onde cerca de 12 milhões de pessoas são abastecidas pelo sistema. De acordo com Kelman, o conflito foi resolvido após informações sobre o volume de água previsto para ser captado serem apresentadas às administrações estaduais.

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“O Paraíba do Sul corre por muitos quilômetros ainda até chegar a Santa Cecília, de onde 250 m³/s de água por segundo são retirados para abastecer a região metropolitana do Rio”, afirmou o presidente da Sabesp. “Essa obra retira 5 m³/s do Jaguari”, disse. Também segundo Kelman, as obras vão custar cerca de R$ 550 milhões – valor 33% menor do que o previsto inicialmente (R$ 830 milhões).