Brasília – Ao exigir uma tomada de posição do PMDB sobre a reeleição das presidências da Câmara e do Senado, o líder do partido, senador Renan Calheiros (AL), provocou uma reação de outras forças políticas em torno do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Irritado com Calheiros, Sarney, segundo seus aliados, já estaria buscando votos fora do PMDB para aprovar a emenda constitucional em favor da reeleição quando ela chegar ao Senado. Na Câmara, Sarney teria o respaldo do presidente da Casa, João Paulo Cunha (PT-SP), favorável à proposta.
Além do PMDB, Sarney terá de enfrentar também o PT, que tem no senador Aloizio Mercadante (SP) um dos principais combatentes da tese da reeleição. Os dois partidos somam 36 senadores, número suficiente para evitar a aprovação de uma emenda constitucional. Mas, o presidente Sarney espera apoio de setores do PMDB, apesar de Calheiros considerar que ele teria apenas cinco votos numa bancada de 23 senadores.
Ao deflagrar a disputa pela presidência do Senado dentro do PMDB, Renan Calheiros, na avaliação de interlocutores de Sarney, teria se precipitado politicamente e antecipado uma discussão que ainda está na Câmara. “Vamos ver como o governo vai atuar”, teria dito Sarney.
Reconhecido como principal viga de sustentação do governo Lula no Congresso, Sarney teria mais condições políticas que Renan Calheiros para se rearticular com outros grupos políticos e ganhar a tese da reeleição. Ele teria aliados na oposição, sobretudo no PFL e no PSDB, por conta da estatura e experiência para o cargo.
Ontem, o presidente do Senado conversou longamente com o senador Antônio Carlos Magalhães (BA).