Sarney disputa comando do Senado pelo PMDB

Brasília

? A candidatura do senador José Sarney (AP) à presidência do Senado foi oficializada ontem, no ato de conclusão do acordo que tentou unir as duas correntes adversárias do PMDB. Como ainda restam descontentes dos dois lados, a nota divulgada ao final dos acertos comemora a “unidade possível” entre os peemedebistas.

Ainda assim, prevaleceu o clima de otimismo e a certeza de que, é questão de tempo, a participação do partido no governo Lula. “É uma sinalização importante no caminho de aproximação ao governo. À medida que o PMDB se constitui como unidade, há um salto de qualidade na relação com o executivo”, disse o futuro líder do governo, senador eleito Aloizio Mercadante (SP). O anúncio formal do acordo foi feito pelo presidente do PMDB, Michel Temer (SP), o líder do partido no Senado, Renan Calheiros (AL), e Sarney. Mercadante -que vinha do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre – e o futuro líder do PT no Senado, Tião Viana (AC), chegaram à presidência do PMDB depois de encerramento do ato, no quel Renan retirou sua candidatura ao comando do Senado. Na próxima sexta-feira, quando a bancada formalizar a indicação de Sarney, deve também mantê-lo no cargo de líder até setembro, quando substituirá Temer no comando do partido. Os senadores Ney Suassuna (PB) e o favorito do Planalto Pedro Simon (RS), disputam a sua vaga. Se prevalecer o acerto, o governo dessa vez ficará isento nas disputas das lideranças das duas Casas.

Vitória

Sarney foi o grande vitorioso da operação. Desprestigiado pela cúpula, terminou “ungido” ao cargo, tal como queria. Ele repudiou a interpretação de que era “apadrinhado” pelo governo, embora tenha admitido que contara com a “simpatia” do Planalto desde que anunciou sua intenção de entrar na disputa. “Foi um fato natural, já que eu apoiei a candidatura Lula, sem nenhum desapreço a Renan Calheiros, por quem temos todo respeito”, afirmou. “O importante é aprofundar a relação com o PT de modo que o PMDB possa ser um partido de sustentação do governo.”

A sensação de dever cumprido ficou na forma como comentou o telefonema de sua mulher, Marly: “Imaginem, após 51 anos de casados, ela ainda pergunta se tudo terminou bem.” A nota do PMDB sobre o fechamento do acordo traduz a intenção de não aumentar as seqüelas com os descontentes. Afirma que Sarney “enalteceu” a iniciativa de Temer de buscar a conciliação e que ambos “destacam o desprendimento do senador Renan Calheiros”. Acrescenta ainda que foi necessário “a renúncia de todos os interesses pessoais, em benefício da causa comum de construir o PMDB”. A resistência de Orestes Quércia, candidato derrotado ao Senado em São Paulo, era tida como fato de pouca relevância.

Sarney disse que conversou com ele e com outro dissidente o governador do Paraná, Roberto Requião, mas não disse os termos da conversa. O que se sabe é que não foi tão diplomática como as que tiveram no início da semana. Quércia leva sua parte no acordo, com a garantia de que a cúpula suspenderá a intervenção no diretório de São Paulo, que voltará a ser controlado por seu grupo. Para outro descontente, o governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, contrário à desistência de Renan, Sarney mandou um recado: “O problema do Senado é dos senadores, um problema da Casa.” Apesar disso, reconheceu que Temer terá de ampliar o diálogo para fechar as brechas existentes à unificação e pacificação do partido.

Partido pode integrar base

Brasília

(AE) – A entrada do PMDB na base parlamentar do governo e, por conseqüência, sua participação no Executivo é uma questão de tempo, prevê o futuro líder do governo no Senado, senador eleito Aloizio Mercadante (PT-SP). “Abre-se um caminho promissor”, disse ele. O acordo que une a favor da candidatura do senador José Sarney é parte da estratégia traçada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ter o PMDB unido no Congresso, garantindo condições para governar e aprovar as reformas estruturais.

Com o PMDB, o governo pode obter o quórum de três quintos (308 deputados e 49 senadores) necessário para aprovar emendas constitucionais.

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