Em grave crise financeira, o governo do Rio de Janeiro anunciou nesta quarta-feira, 03, que recebeu autorização do Tesouro Nacional para antecipar R$ 1 bilhão da arrecadação de royalties e participações especiais da produção de petróleo em 2015. Segundo o governador do Estado, Luiz Fernando Pezão (PMDB), o valor corresponde à primeira parcela de um total de R$ 3,5 bilhões autorizados pelo Senado no último ano. A liberação depende agora de aprovação da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Pezão também sinalizou que pode rever a cobrança de novos impostos sobre o setor de óleo e gás, criados em dezembro.

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“Foi feita uma resolução do Senado que compensa o governo do Estado e municípios produtores com as perdas que tiveram em 2015. Foram calculados os prejuízos, de cerca de R$ 3,5 bilhões, que nós temos direito. Nesse primeiro momento, o Tesouro autorizou R$ 1 bilhão e foi o projeto que levamos à Assembleia Legislativa, que o presidente deve colocar em votação hoje ou amanhã”, afirmou Pezão.

A resolução foi aprovada em maio pelo Senado, permitindo a antecipação excepcional dos royalties e participações especiais decorrentes da produção de petróleo. O valor de R$ 3,5 bilhões foi calculado pelo governo e será destinado diretamente para a RioPrevidência, que administra as aposentadorias de servidores. O rombo atual da autarquia já chega a R$ 12 bilhões. Ao todo, o déficit do governo estadual para 2016 é estimado em R$ 20 bilhões.

“No ano de 2016, o trabalho que tenho que fazer permanentemente é para conseguir a liberação dos outros R$ 2 bilhões. Não está automaticamente liberado, mas a gente tem direito”, completou Pezão, após participar de reunião com empresários na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).

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No encontro com empresários, o governador ouviu críticas sobre os projetos de aumento de impostos sobre o setor produtivo e sinalizou que poderá rever as medidas. Em dezembro, o governador sancionou Lei com a revisão de alíquotas e a criação de novos impostos, como uma Taxa de Fiscalização que incide sobre cada barril de petróleo produzido no Estado e a extensão da cobrança de ICMS sobre a circulação de petróleo desde sua extração. A Firjan entrou com ação na justiça contra as medidas.

O governo do Estado argumenta que as taxas e impostos no setor foram criados como uma salvaguarda para as contas enquanto o Supremo Tribunal Federal não julga ações sobre o modelo de cobrança de royalties no País. Empresários do setor têm se reunido permanentemente com o governo e o secretário da Fazenda do Rio, Júlio Bueno, para discutir as novas taxas. Um novo encontro está agendado para esta tarde.

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“Se alguns setores comprovaram que esse aumento de impostos foi injusto, vamos reduzir. Todo o setor que se sentir atingido e prejudicado na sua competitividade, vamos adequar nossas alíquotas. Longe de mim querer tirar a atividade produtiva do Estado, cobrar por uma taxa que não tem eficiência”, afirmou Pezão.

O presidente da Firjan, Eugênio Gouveia, fez coro aos empresários do setor de petróleo e cobrou agilidade na realização de leilões de áreas de unitização do pré-sal, que poderiam provocar a retomada de investimentos do setor. O tema depende de alteração do marco regulatório do pré-sal, como a retirada da obrigatoriedade da Petrobras em participar de todos os consórcios com 30% do investimento. O tema está na pauta do Senado para esta quarta-feira.

“Estamos vendo o sofrimento com a queda dos preços do petróleo. A Petrobras não tem capacidade de arcar com seu limite de 30% e cabe ao Executivo alterar determinadas medidas para destravar isso. Essa é, disparada, a melhor receita para o Rio”, afirmou Gouveia. “Não pode ter discussão partidária. Temos que trabalhar para uma estrutura permanente para as contas públicas do Rio de Janeiro. Senão, a cada ano teremos problemas”, frisou.