Foto: Paulo Dias/Palácio Piratini

Germano Rigotto com o presidente Lula: investida contra candidatura própria do PMDB irritou o governador licenciado do Rio Grande do Sul.

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Os dois inscritos nas prévias marcadas pelo PMDB para escolher o candidato do partido a presidente da República – o ex-governador do Rio Anthony Garotinho e o governador licenciado do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto – se reuniram ontem para discutir as articulações da ala governista do partido contra a realização da consulta.

Em conversa no Palácio Laranjeiras, residência oficial do governo do Estado, avaliaram que as supostas articulações dos adversários – que estariam sendo estimulados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, interessado em ter um candidato a vice-presidente indicado pelos peemedebistas – não terão êxito. No grupo governista, destacam-se o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e o senador José Sarney (AP).

"Não acredito que dê frutos a tentativa de boicote que alguns vêm tentando fazer", disse Garotinho. "Não existe a mínima possibilidade de o PMDB ser vice de alguém", declarou Rigotto. "O PMDB é uma locomotiva. Tem que comandar o processo e não ser um ‘vagãozinho’", afirmou o governador gaúcho, que se licenciou do cargo na véspera para fazer campanha para as prévias, marcadas para 19 de março.

Os dois políticos analisaram três estratégias diferentes que estariam sendo pensadas para inviabilizar a candidatura própria: um esvaziamento das votações, uma ação judicial contra as prévias e o lançamento de mais pré-candidaturas. Contra a primeira opção, Garotinho afirmou que cerca de 90% dos 22 mil eleitores do PMDB nas prévias estão em estados que apóiam as prévias e citou: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rondônia, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte e Pernambuco. "Resta o caminho jurídico, mas entrar com uma liminar contra a realização das prévias traria um desgaste enorme para essas pessoas que tentassem ganhar no tapetão", disse Rigotto.

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Eles lembraram que ainda é possível a inscrição de novos candidatos às prévias, já que o prazo vai até o dia 10. Segundo Garotinho, porém, "o tempo político" não seria suficiente para viabilizar um novo nome a ganhar a disputa. Acrescentou que possíveis pré-candidatos como os governadores do Distrito Federal, Joaquim Roriz, e do Paraná, Roberto Requião, já teriam informado que não pretendem concorrer.

Rigotto e Garotinho reafirmaram que o vencedor das prévias terá o apoio do vencido, seja qual for o resultado. Os dois estiveram na madrugada de ontem no Sambódromo, onde também estavam lideranças do PMDB de diversos estados do País, mas não se encontraram na primeira noite de desfiles do Grupo Especial. Garotinho chegou mais cedo ao local e saiu também antes do gaúcho, que chegou de madrugada.

Ofensiva

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Mas o presidente Lula não está sózinho no PMDB para tentar atropelar a candidatura de Rigotto ou Garotinho. Além do auxílio de Sarney, conta agora com a ajuda de Ney Suassuna (PMDB-PB), no Senado, e de Jader Barbalho (PMDB-PA), na Câmara. O grupo avalia que, a essa altura, não é mais possível adiar as prévias. Passou-se a cogitar, então, a hipótese de apresentar mais um ou dois candidatos para disputar a preferência do partido com Garotinho e Rigotto.

Eles avaliam que a profusão de postulantes dividiria o partido de tal modo que nenhum candidato obteria maioria suficiente para sagrar-se vitorioso. O que empurraria a decisão para um segundo turno, no final de março. Nesse meio tempo, o grupo governista do PMDB tramaria a apresentação de recursos judiciais contra a sistemática de contagem de votos nas prévias.

O nome preferido de Lula para compor a chapa da reeleição como vice continua sendo o de Nelson Jobim, atual presidente do STF. Ele já anunciou que pedirá aposentadoria do Supremo até o final de março. Informou também que irá se filiar ao PMDB. Da boca para fora, não planeja concorrer a nenhum cargo eletivo. Mas a assinatura na ficha de filiação o credencia para um chamamento de Lula.