Pressionada pelos governadores do PSDB e diante da proposta de que 100% da arrecadação da CPMF iria para a saúde – feita ao presidente do partido, senador Sérgio Guerra (PE) -, a bancada tucana no Senado realizou ontem à noite uma reunião de emergência para avaliar se liberava o voto dos seus senadores. Há 15 dias, o PSDB reuniu sua bancada de 13 senadores e, por 9 votos a 4, decidiu votar contra a CPMF. Mas o partido não fechou questão contra a CPMF – o DEM fechou, o que obriga seus senadores a votarem de acordo com a decisão da legenda, sob pena de expulsão e perda dos mandatos.
Havia um pacto firmado pelos senadores do PSDB para votarem conforme a vontade da maioria. Se parte da bancada tucana ficar liberada para votar a favor da CPMF, o governo, somado aos votos da base aliada, obteria os 49 votos necessários à aprovação da emenda. "Não posso falar hoje sobre algo que vai acontecer amanhã. Pois, assim, eu vou desarticular a bancada. Eu não quero trabalhar sobre hipóteses. Não há proposta. O governo nunca nos disse que tinha proposta. Não há mudança na nossa cabeça", disse o presidente do PSDB, depois de mais de três horas de reunião, que acabou às 23h20 de ontem.
Mais cedo, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, disse no Rio que, se o governo fizesse uma proposta consistente até o fim do dia, atuaria para que a bancada tucana a avaliasse até a manhã desta quarta-feira (12). Para ele, o PSDB não poderia repetir a oposição sistemática feita pelo PT ao governo Fernando Henrique Cardoso. "Se o governo tiver condições de apresentar uma proposta consistente, eu defendo a posição de que o partido se reúna e discuta a questão. Não podemos ser o partido da negação absoluta de tudo. Essa era a forma como o PT fazia oposição a nós.
Em Brasília, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) afirmou que restavam ao governo duas alternativas: apresentar uma proposta com grande apelo público ou deixar a votação para o ano que vem.
Ainda no Rio de Janeiro, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso condenou o governo por ter qualificado os opositores da CPMF de "sonegadores". "A oposição não pode ceder no grito." Com ironia, comentou que "certamente deve estar faltando algum voto" para a aprovação da CPMF, mas opinou que o governo "não precisa ficar desesperado". Ele lembrou que certa vez, quando presidente a prorrogação da CPMF só foi votada em janeiro. "Mas eu não fiquei desesperado, não xinguei ninguém", declarou. "Acho que o governo precisa tomar um banho de realidade. Eles foram muito arrogantes.


