Renda é a mais baixa desde 1985

São Paulo

– O rendimento médio do trabalhador da Região Metropolitana de São Paulo nunca esteve em nível tão baixo quanto agora enquanto a taxa de desemprego total, em maio, atingiu 20,6% da População Economicamente Ativa. A taxa manteve-se no nível mais alto dos últimos 18 anos pelo segundo mês consecutivo, segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego divulgada ontem pela Fundação Seade/Dieese. No mês de abril, a taxa de desemprego ficou em 20,6% e, em maio de 2002, em 19,7%.

Ainda de acordo com o levantamento, das 9,508 milhões de pessoas que estavam no mercado de trabalho na Grande São Paulo, 1,959 milhão não tinham uma ocupação. Em abril, o número de desempregados era de 1,941 milhão. Apesar do contingente de desempregados ter sido acrescido por 18 mil pessoas, foram gerados no mês passado 66 mil postos de trabalho. Essas novas vagas, no entanto, não foram suficientes para absorver as 84 mil pessoas que ingressaram no mercado de trabalho. Embora tenha se mantido estável para os homens e as mulheres, a taxa de desemprego subiu 2,9% para os adolescentes com idades entre 15 e 17 anos.

“Embora a renda tenha apresentado uma leve alta em abril, a bolsa inflacionária colocou os salários nos patamares mais baixos desde 1985”, disse a gerente de análise e estudos da Fundação Seade, Paula Montagner. Segundo a pesquisa, o rendimento médio dos ocupados foi de R$ 889 em abril contra R$ 869 em março. Mesmo com a alta de 2,2% entre os dois meses, o aumento não foi suficiente para compensar a redução de 10,5% que os rendimentos tiveram entre abril de 2002 e 2003. Em abril do ano passado, a renda média era de R$ 993. No mesmo mês de 1985, o rendimento médio hoje equivaleria a R$ 1.682.

Para o diretor do Dieese, Sérgio Mendonça, a pequena alta do rendimento nesse mês pode ser explicada por um fenômeno negativo. “Muitas pessoas que ganham salários mais baixos foram demitidas. Com isso, o rendimento médio acaba subindo. Não pela alta nos salário, mas pela redução dos que recebem menos”, disse.

Os dois especialistas esperam uma redução do desemprego na região no segundo semestre. “Deve haver uma recuperação dos postos de trabalho, mas ela não será suficiente para reduzir drasticamente o problema do desemprego, que está em patamares muito altos”, disse Mendonça. A gerente da Fundação Seade afirmou que a redução dos juros e a queda na inflação podem ajudar na geração de vagas, mas não acabar com o problema. “Iniciamos o ano com uma taxa de desemprego muito alta, especialmente por causa da incerteza sobre as eleições. O mercado pode ter uma leve melhora no segundo semestre, mas a geração de postos ainda será tímida para curar o problema”, disse Paula.

Voltar ao topo