Renan decide com aliados se irá à sessão do Congresso

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), avalia com seus aliados se presidirá ou não a sessão do Congresso Nacional, marcada para 19h30, destinada a votar a Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO).

Mesmo depois de enfatizar, ontem, a determinação de enfrentar tudo para provar inocência, incluindo as críticas públicas dos parlamentares, o senador vai analisar se sua presença na reunião conjunta do Senado e da Câmara significará ou não mais perdas políticas

Os deputados do PSDB, do PSOL e do DEM (ex-PFL) pretendem agitar a sessão noturna, se estiver sendo presidida por Calheiros, para contestar sua legitimidade no cargo – uma vez que está sendo processado, no Conselho de Ética do Senado, sob acusação de quebra do decoro parlamentar -, e essa contestação implicará mais exposição e mais desgaste.

Para se contrapor ao protesto, o senador teria de convocar sua tropa de choque, transformando a sessão do Congresso numa disputa política. Para fugir ao constrangimento, Calheiros tem uma saída: ficar em seu gabinete e passar o comando dos trabalhos ao primeiro vice-presidente do Congresso, deputado Nárcio Rodrigues (PSDB-MG).

Deixar a sessão de votação da LDO a cargo de um deputado já vem acontecendo nos últimos anos e não seria anormalidade, conforme levantamento feito pelo relator do projeto da LDO, deputado João Leão (PP-BA), mas, hoje, a ausência de Calheiros será interpretada como um recuo e medo de enfrentar os adversários

Ao longo do dia, Calheiros vai conversar com seus aliados no Senado e na Câmara para decidir qual a melhor posição – se fica na defensiva ou se vai para o ataque pondo em xeque sua força política. No Senado, ele já está enfrentando a hostilidade da oposição que, ontem, decidiu obstruir os trabalhos e inviabilizar as votações até agosto.

Os oposicionistas entendem que o presidente da Casa partiu para o confronto e assumiu uma postura arrogante a partir do momento em que se negou a atender ao pedido para que se licenciasse do cargo até a conclusão das investigações do Conselho de Ética. A votação da LDO interessa a Calheiros, mesmo que não presida a sessão do Congresso. Se a proposta não for aprovada antes do dia 18, o Congresso não pode entrar em recesso.

Os 15 dias de folga dos parlamentares podem representar uma trégua para o senador, que ficará ausente de Brasília, fugindo das pressões dos colegas e da imprensa. Durante o recesso, os plenários do Senado e da Câmara não funcionam, e o Conselho de Ética só terá atividades internas, como o acompanhamento da perícia pela Polícia Federal e a análise de documentos.

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