Relações com o PL estão azedas

Brasília – Além de enfrentar a revolta de alguns radicais petistas, o comando nacional do PT está às voltas com outro conflito, desta vez envolvendo seu principal parceiro no governo, o Partido Liberal. O PL, do vice-presidente José Alencar, foi o primeiro aliado na campanha vitoriosa do ano passado. Irritado com a acusação de traição lançada pelo PT do Espírito Santo contra os liberais na eleição do novo presidente da Assembléia Legislativa, Geovani Silva (PTB), o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto (SP), disse ontem que ainda não foram identificadas “provas” de atitudes desleais praticadas por seu partido, da mesma forma como até hoje não foram levantadas “provas” de que a senadora Heloísa Helena (PT-AL) votou contra a cassação do senador Luiz Estevão, em 2000.

O dirigente nacional do partido defendeu o PL local e foi mais longe. Disse que, na época da cassação de Estevão, foram encontradas “evidências” contra Helena, mas que as suspeitas não foram comprovadas. Com isso, acabou explorando um velho tabu no PT. “O PT assumiu a defesa da senadora Heloísa Helena porque não tinha provas contra ela. E eu acho que a nossa obrigação é fazer o mesmo. Nós não temos provas de que os nossos deputados votaram contra o PT”, disse. Havia um acordo do PL com o PT para eleger o estadual Cláudio Vereza (PT) para o comando da assembléia estadual. Em sessão tumultuada, foi eleito o ex-jogador do Vasco Geovani Silva (PTB), ligado ao ex-deputado José Carlos Gratz, acusado de se envolver com o crime organizado. Para ele, como a votação para a presidência da assembléia estadual foi secreta, dificilmente se conseguirá levantar as provas da traição no ES. Afirmou que há apenas “evidências” de que deputados do PL quebraram o acordo. Ontem, o presidente nacional do PT, José Genoino, procurou minimizar o conflito com o PL no Espírito Santo. “Os problemas regionais devem ser resolvidos, mas não atingem a aliança nacional” disse.

Anulada

Mas a questão está mais fácil de ser resolvida depois que o desembargador Amim Abiguenem, do Tribunal de Justiça (TJ) do Espírito Santo, anulou a sessão da Assembléia Legislativa que elegeu, na segunda-feira, o deputado Geovani Silva (PTB) presidente da Casa. O juiz da 4.ª Câmara determinou ontem que uma nova eleição da Mesa Diretora seja realizada e que seja aberto um inquérito policial para investigar os fatos ocorridos durante a votação. Na sessão de segunda-feira, Silva venceu o deputado Cláudio Vereza (PT), candidato do governador Paulo Hartung (PSB), por 19 votos a 11. Mas participaram da votação os cinco deputados que haviam sido afastados pela Justiça, sob acusação de receber propina para reeleger o ex-deputado José Carlos Gratz (PFL) presidente da Assembléia.

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