Reforma faz Lula cancelar viagem à Africa

Brasília – Um conjunto de fatores de risco levou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a cancelar a viagem de oito dias que faria a cinco países da África a partir de quarta-feira. A possibilidade de desfiguração na reforma da Previdência por uma base de apoio que não está satisfeita com a proposta original do governo, a tensão social provocada pelas invasões no campo e nas cidades, que gera incertezas nos investidores, eleva o dólar e faz crescer o “risco Brasil”, e a pressão por mudanças na política econômica levaram o presidente a decidir por sua permanência em Brasília nos próximos dias.

Aliados mais próximos de Lula comemoraram sua decisão. “Em função do momento de definição da reforma da Previdência, é muito boa a presença do presidente Lula no Brasil”, disse o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP). “Não podemos nos esquecer de que na viagem anterior do presidente, feita a três países da Europa, ocorreram negociações que poderiam comprometer a reforma. É isso que o presidente quer evitar”, afirmou ainda Mercadante. “Por isso, o presidente Lula preferiu ficar no Brasil”.

Durante a viagem de uma semana de Lula à Europa, há cerca de 20 dias, os presidentes da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Maurício Corrêa, os ministros da Previdência, Ricardo Berzoini, e da Casa Civil, José Dirceu, e os líderes dos partidos aliados avançaram nas negociações para mudar a reforma da Previdência. Lula chegou a comentar, em Lisboa, que foi pego de surpresa, embora se saiba que, ao viajar, ele sabia de movimentações que eram feitas à revelia dos governadores dos Estados.

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