Radicais acusam Lula de ser um FHC piorado

Brasília

– Os deputados da ala radical do PT colocaram no ar ontem à tarde o texto do manifesto, a ser distribuído na próxima semana, com duras críticas à política econômica e social do governo Lula, a qual acusam de ser uma cópia piorada do governo Fernando Henrique Cardoso. Sob o título “Manifesto aos petistas e lutadores”, o documento pede a demissão do ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, o qual acusam de ser representante do latifúndio no governo.

Os radicais alegam que o atual governo frustrou a esperança da população, aprofundando a crise social, com mais miséria, desemprego, abandono dos serviços públicos, aumento da violência e da carestia. O texto do manifesto é encabeçado pelos seus autores, os deputados federais Luciana Genro (PT-RS), João Batista Babá (PT-PA) e João Fontes (PT-SE). Segundo o documento, a situação do país no governo Lula está pior. O governo, conforme afirmam, teria aderido ao chamado consenso de Washington II.

Para Luciana Genro, o objetivo do documento é apontar medidas econômicas alternativas às aplicadas pelo governo, além de unificar um pólo de esquerda no país. “É uma tentativa de unir forças e também evitar a nossa expulsão do partido, mostrando que, se eles resolverem nos tirar, vão estar negando também idéias que foram defendidas há anos”, argumentou.

Composto por seis páginas, o manifesto faz críticas pontuais à condução da política econômica no país, logo após a vitória nas urnas. De acordo com o texto, “a vitória de Lula representou uma esperança de mudança, mas a decisão de continuar a política econômica do governo FHC tem feito a situação ficar ainda pior”. Além da economia, os radicais ainda propõem a retirada da PEC-40 que trata da Reforma da Previdência, atualmente em tramitação no Congresso. “Essa é uma reivindicação de todos os trabalhadores do país”, diz Luciana. “Além do desemprego, é preciso combater o arrocho salarial. A renda média dos brasileiros teve queda de 14,7% nos últimos dozes meses. Com essa situação não poderia ser diferente: a inadimplência subiu 7% no quadrimestre e o consumo das famílias caiu 0,6% no primeiro trimestre. Sem recomposição dos salários, não há distribuição de renda efetiva, objetivo fundamental com o qual o PT sempre se comprometeu”, diz o manifesto.

O manifesto traz ainda uma parte especial dedicada ao problema dos radicais que podem ser expulsos do partido. Segundo o documento “ficou claro que a perseguição aos parlamentares é devido às suas críticas ao curso do governo e à reforma da previdência. O delito é de opinião”.

O presidente do PT, José Genoino, disse que não iria comentar o assunto. Informou ainda que as questões relativas aos deputados devem ser tratadas no âmbito da bancada. O partido discute a expulsão dos radicais. O documento pode agravar ainda mais a situação dos dissidentes.

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