Queixas no 190 relativas ao barulho crescem 226%

O barulho incomoda cada vez mais o paulistano. E, como chamar o síndico ou a Prefeitura nem sempre é eficaz, o jeito é apelar para a polícia e recorrer ao 190. O resultado disso está nas chamadas atendidas nos fins de semana pelo Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) – e na explosão de reclamações por causa dos decibéis das festas, cantorias, bebedeiras, rezas e até rojões. De 2006 a 2010, os casos de “perturbação do sossego” cresceram 226%.

O problema é que cada vez mais um serviço que deveria atender emergências, como roubos com reféns, é usado para mediar conflitos causados por vizinhos barulhentos. Há, por exemplo, reclamação contra morador de favela que fecha rua para fazer festa. Ou jovens que fazem um quarteirão inteiro escutar a música de seus carros estacionados em postos de gasolina.

“As queixas de barulho já ultrapassaram os crimes contra a pessoa – como homicídios e lesões corporais – entre as chamadas mais atendidas pela PM”, confirma o comandante do Copom, major Ulisses Puosso. E hoje só perdem nos fins de semana para as ocorrências de crimes contra o patrimônio – como roubos e furtos – e para as brigas e discussões, as chamadas “desinteligências”. “Há casos em que é necessário até enviar a Tropa de Choque para resolver o problema”, diz o chefe do plantão noturno do Centro de Operações, capitão Caio Grimaldi Desbrousses.

As zonas leste e sul da capital paulista respondem por 60% dos chamados contra o barulho. Igrejas e bares com alvarás, como os da Vila Madalena, na zona oeste, por exemplo, quase não causam problemas à PM. “Moradores de lá sabem que devem reclamar para o Psiu (Programa de Silêncio Urbano, da Prefeitura)”, afirma o major. É a cidade clandestina, portanto, que mais incomoda. E na periferia da cidade o problema do barulho vira praga urbana. No Jardim Elisa Maria, zona norte, por exemplo, quase todo fim de semana tem reclamação.