PTB é um partido sob suspeita

Brasília – Trincheira de onde partiram os disparos que provocaram a crise vivida pelo governo Lula na semana passada, o PTB do deputado Roberto Jefferson (RJ) deve se tornar um dos principais alvos da CPI dos Correios. Ao investigar os 600 contratos sob suspeita feitos pela estatal, os auditores que assessoram a comissão deverão procurar empresas que participaram de licitações nos Correios e possam ter contribuído de alguma forma com as campanhas eleitorais do PTB.

?Se do Correio foi dinheiro para o PTB, vamos investigar?, confirmou o relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). Serão verificados se os preços correspondem aos de mercado e quais as ligações dessas empresas com partidos políticos. Na sexta-feira, a comissão recebeu o inquérito da Polícia Federal sobre o caso dos Correios. O trabalho da PF até agora foi identificar os autores da gravação na qual o ex-chefe de Contratações e Administração Maurício Marinho recebe R$ 3 mil e diz trabalhar para um esquema que arrecada recursos para o PTB, coordenado por Jefferson.

A partir de agora, a CPI e a própria PF devem trabalhar para encontrar as supostas fraudes nas licitações. Este pode ser um dos elos com o esquema de financiamento de campanhas eleitorais. Interessados em desgastar o governo, os 13 parlamentares da oposição na CPI acertaram na quinta-feira adotar uma estratégia mais dócil no começo dos trabalhos – limitando a investigação aos Correios – até que seja aprovado o requerimento para a convocação de Jefferson e do publicitário Marcos Valério, ligado às agências mineiras DNA e SMP&B, que prestam serviços ao governo.

Com base no depoimento de Jefferson, a oposição pretende ampliar a investigação para as denúncias feitas pelo petebista de que o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, por intermédio do publicitário mineiro, pagaria a deputados aliados do PP e do PL mesada de R$ 30 mil.

Valério pode ser também uma porta para que os parlamentares comecem a investigar o mensalão. Entre suas agências, acusadas de serem a fonte de recursos do esquema, uma presta serviços aos Correios. Portanto, cairia o argumento usado pelos governistas de que a investigação fugiria do escopo da CPI.

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