PTB de Martinez ganha força no grupo de Ciro

Brasília (AG) – O PTB de Roberto Jefferson e José Carlos Martinez, dono da maior parte do dinheiro que sustenta a candidatura de Ciro Gomes, da Frente Trabalhista (PPS-PDT-PTB), está tomando conta da campanha e deverá ter grande influência na distribuição de cargos do governo, em caso de vitória de Ciro.

Junto com o PFL, que aderiu parcialmente nos últimos dias, os petebistas devem ter a hegemonia das “forças vitoriosas de ocupação”, para citar a expressão usada pelo candidato esta semana.

Dentro do leque de apoios do candidato, hoje, ele teria de governar com forças que atuaram no governo de Fernando Collor de Mello (1990-1992), como Roberto Jefferson, ex-integrante da chamada tropa de choque; o presidente do PFL, Jorge Bornhausen; e o ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).

Em busca de se credenciar para garantir um espaço privilegiado num eventual governo Ciro, o PTB saiu na frente e assumiu o controle da campanha, tanto financeiramente, quanto nas articulações políticas. Além de arcar com a maior parte das despesas do candidato, os petebistas foram os principais responsáveis pela conquista do PFL.

O partido de Ciro, o PPS, é o que mais se ressente com a influência do PTB na campanha.

? Hegemonia ou predomínio? Eles (os petebistas) têm mais tempo na TV, mais dinheiro do fundo partidário, podem pagar o apartamento, o escritório, bancar a estrutura de campanha. O que está havendo é um predomínio momentâneo do PTB, mas a hegemonia da frente está no pensamento político de Ciro, que é o do PPS ? diz o líder do PPS, João Herrmann (SP).

O PTB vem gastando nos últimos dois meses R$ 400 mil dos R$ 500 mil mensais de seu fundo partidário com estrutura da campanha: aluguel do escritório e do apartamento em Brasília onde Ciro se hospeda, o carro com motorista e as viagens do candidato pelo país.

Segundo Martinez, só o aluguel do galpão em Brasília onde será montado o comitê central da Frente custa R$ 15 mil mensais. Pintura, telefones e salas deverão custar outros R$ 15 mil. As dificuldades podem diminuir com as doações de campanha, mas até agora a Frente arrecadou apenas R$ 300 mil.

Nas conversas para atrair os insatisfeitos de outros partidos, o PTB e o PDT são os mais ativos. O PPS está mais distante da dinâmica da campanha.

? Agora não adianta mais a discussão ideológica. Agora é agir, é fazer comício, ir para a rua. Agora é trabalho, e o PTB trabalha, meu time é profissional ? afirma Martinez.

? O PTB faz tudo o que Ciro pede, sem discutir. Fazemos com carinho, com empenho ? completa Roberto Jefferson.

Dentro da Frente Trabalhista o entrosamento maior acontece entre PTB e PDT. Os dois partidos caminham inclusive para uma fusão, retomando a vertente histórica do trabalhismo. Com o PPS o relacionamento gira em torno da eleição de Ciro e é mais tumultuado, embora não seja hostil. O maior problema de Ciro é administrar o temperamento explosivo do presidente do PPS, Roberto Freire (PE), que nas reuniões do conselho político da Frente se desentende com os demais companheiros e até mesmo com o próprio Ciro na frente de todo mundo.

Ciro deverá contar com um time eclético de colaboradores dentro de um amplo espectro ideológico: desde integrantes da tropa de choque de Collor, passando pelo nacionalista Leonel Brizola, até o ex-comunista Freire. O time ganhou semana passada a adesão de boa parte do PFL.

Entre os nomes que já despontam como ministeriáveis no caso de Ciro conseguir se firmar na disputa estão o de Freire, o de Brizola, o do tucano e padrinho político de Ciro, Tasso Jereissati, cotado para a pasta da Fazenda em um possível governo Ciro, e os dos petebistas Nelson Marquezelli (RS) e Antônio Cabrera (SP). Sérgio Arouca (PPS-RJ) estaria cotado para a pasta da Saúde.

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