Salvador – Na semana em que assumiu integralmente o papel de articulador político do governo, no lugar do ministro da Casa Civil, José Dirceu, o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, demonstrou que não medirá esforços para prestigiar politicamente até antigos adversários. O ministro fez questão de ir até Salvador, anteontem, para comparecer ao casamento do deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), neto do senador Antônio Carlos Magalhães.

Apesar de o clã ACM ser adversário histórico do PT e do PC do B no Estado, Rebelo foi ao evento e ainda sinalizou com um comportamento de neutralidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha eleitoral. “Vim por amizade”, disse, afirmando que não representava o governo federal na cerimônia.

Na prática, essa promessa de neutralidade de Lula funciona como uma ducha de água fria na campanha do deputado Nelson Pellegrino, pré-candidato do PT à Prefeitura contra o grupo de ACM. Pellegrino espera, justamente, associar diretamente sua candidatura ao prestígio de Lula para conseguir bater a hegemonia carlista na capital baiana. Mas com a entrada do grupo carlista na base de apoio do governo no Congresso – contrariando a orientação nacional do PFL – a estratégia pode ter sido comprometida.

Segundo Rebelo, quem estiver pensando em usar a amizade com Lula como arma na campanha “pode ir tirando seu cavalinho da chuva”. “Ele não vai participar da campanha eleitoral porque a base (de apoio do governo) é muito heterogênea, por isso os partidos devem fazer isso (a campanha)”, explicou Rebelo enquanto degustava uvas na recepção do casamento. “Claro que, informalmente, o candidato de Lula é o Pellegrino. Não poderia deixar de ser, é do partido dele”, disse o ministro sem explicar como esse apoio poderá ser usado na campanha. “É uma questão do presidente e do Pellegrino.”

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