PT procura democratas para enfrentar Bush

São Paulo – Ao lado de representantes da Internacional Socialista, o governo Luiz Inácio Lula da Silva está tentando se aproximar do Partido Democrata americano, que faz oposição ao presidente George W. Bush, do Partido Republicano. Segundo o assessor especial para relações internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, a intenção da Internacional e do Brasil é fechar parceria com os democratas para uma “nova ordem política e econômica internacional”, o que incluiria o fortalecimento de relações multilaterais e a reestruturação da ONU.

O tema foi tratado ontem numa reunião entre o presidente da Internacional Socialista, o ex-primeiro-ministro de Portugal António Guterres, e o presidente Lula, no hotel onde se realiza o 22.º Congresso da organização, na capital paulistana. “O presidente da Internacional tem insistido que esse reordenamento não poderá ser feito sem uma intensa participação dos Estados Unidos, em função do peso econômico e político”, afirmou o assessor do presidente Lula. Durante seu discurso na abertura do encontro, Guterres criticou a doutrina Bush e ressaltou a necessidade de aproximação com os democratas.

Há algumas semanas, Garcia esteve em Washington, onde participou de uma reunião com integrantes da Internacional, sindicatos, representantes da sociedade civil americana e democratas, entre eles a senadora do partido e ex-primeira-dama dos Estados Unidos, Hillary Clinton. “Havia vários políticos vinculados a fundações, ao partido democrata e tivemos a possibilidade de encontrar vários senadores, entre os quais a senadora Hil-lary Clinton, com quem se estabeleceu um diálogo no Congresso.”

Segundo o assessor de Lula, essa foi apenas uma reunião para aprontar uma agenda comum. Em dezembro, integrantes da Internacional e políticos americanos voltarão a se reunir, segundo Garcia, para convocar uma nova reunião, prevista para fevereiro de 2004, com a presença de um representante do governo Lula.

Apesar da aproximação com os democratas, o assessor de Lula destacou que ela não interfere na relação do Brasil com o governo Bush. “É importante dizer que essas relações nunca estiveram num clima tão favorável como estão agora”, disse Garcia. “Essa avaliação me foi reiterada pelos diplomatas norte-americanos com os quais mantive contato durante essa mesma passagem em Washington, na qual exploramos os temas para a reunião dos presidentes de toda América marcado para janeiro, no México.” Segundo ele, apesar das possíveis divergências sobre a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), a aproximação entre os dois países nunca foi tão grande. Lula passou toda manhã de ontem em encontros com integrantes das comitivas que vieram ao País para o Congresso da Internacional.

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