PT insiste para o PMDB entrar na base do governo

Brasília ? O chefe da Casa Civil, José Dirceu, retomou, oficialmente, as negociações políticas para integrar o PMDB à base do governo no Congresso. Numa peregrinação pelo Legislativo, visitou os gabinetes do presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP), e dos líderes do partido no Senado, Renan Calheiros (AL), e na Câmara, Eunício Oliveira (CE). Sarney e Dirceu manifestaram desejo mútuo de parceria e a ala peemedebista que apoiou o PSDB nas eleições não resiste.

A negociação em curso terá quatro momentos: uma decisão do PMDB em favor do apoio ao governo; o ingresso na base aliada, participando das reuniões dos líderes governistas; assumir a liderança do governo no Congresso, e, por fim, integrar a estrutura do governo, com “funções de responsabilidade”. “Há uma vontade majoritária do PMDB de prosseguir nas negociações para o partido integrar a base do governo”, disse Sarney. Ele destacou a importância do partido em participar nesse esforço “extraordinário” para que o Brasil possa resolver as dificuldades. Mas ponderou: “A conversa está apenas começando; não tivermos grandes revelações.” Tentando afastar especulações sobre acordos envolvendo cargos no governo, Dirceu insistiu que a intenção do Planalto é consolidar a maioria congressual que dê tranqüilidade ao País para votar as reformas. “Não vim aqui discutir a participação do PMDB no governo, e sim a integração do partido à nossa base de sustentação, com o apoio às reformas que o governo enviará ao Congresso”, disse. “O governo quer e precisa do apoio do PMDB, mas esta é uma questão que tem de ser discutida pelo partido.”

Anfitrião do encontro entre Dirceu e Oliveira, o novo líder do governo na Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), reforçou a importância do gesto de Dirceu, frisando que “Maomé é quem foi à montanha, e não o contrário”. “A presença do ministro nesses encontros guarda o simbolismo do interesse do governo em ter o apoio dos peemedebistas e serve de estímulo à integração do PMDB à base de apoio ao Planalto”, afirmou Rebelo.

Nem o governo nem o partido querem repetir a negociação desastrosa ocorrida em dezembro, quando o presidente e os líderes do PMDB acertaram com Dirceu a participação do grupo no ministério, escolheram dois ministros e horas mais tarde foram descartados em entrevista coletiva de Lula, sem aviso prévio. Tanto que, para não dar um caráter fisiológico à negociação que se pretende política, pelo menos no primeiro momento, Dirceu encarregou o presidente e os líderes do PT de prosseguirem as conversas com os peemedebistas.

Mas dirigentes e líderes do PMDB admitem, nos bastidores que o partido só ingressará na base se dividir as decisões, “com posições compatíveis com sua estatura política”. Entenda-se, por isto, a participação no ministério.

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