PT ameaça ir às ruas contra os seus radicais

São José dos Campos

– O presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, José Genoíno, fez panfletagem ontem na porta da fábrica da General Motors (GM) do Brasil, em São José dos Campos. Ele aproveitou para deixar claro que o embate entre radicais e moderados do partido pode sair da retórica e ganhar as ruas do País. “A base do PT não vai ficar na defensiva com relação aos radicais do partido, vamos sair às ruas, conversar com os trabalhadores, explicar as reformas que o País precisa implantar para retomar o crescimento econômico e gerar empregos e, mais, vamos defender o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pois estamos muito orgulhosos de ser governo”, disse.

Genoíno reagiu com ironia à iniciativa da senadora Heloísa Helena (PT-AL) de coletar assinaturas para a realização de um plebiscito sobre a autonomia do Banco Central: “É interessante que enquanto os radicais do partido fazem sua agenda no Salão Verde do Congresso Nacional, nós, os moderados, estamos fazendo nossa agenda nas portas das fábricas, defendendo melhores condições de vida para o trabalhador”, provocou. Segundo ele, a panfletagem realizada ontem em São José dos Campos representa o início de uma série de visitas que a direção do PT pretende realizar em todo o País, na defesa do governo Lula e na defesa da implantação das reformas.

O presidente nacional do PT demonstrou surpresa ao ser informado por jornalistas sobre a iniciativa da senadora petista. Ele destacou que essa é uma iniciativa pessoal de Heloísa Helena e está sujeita a uma avaliação pelo partido. Ele acrescentou que as questões envolvendo radicais do PT serão discutidas durante reunião da executiva nacional, prevista para depois do Carnaval. “O PT vai continuar debatendo essas divergências internas, mas é bom deixar claro que essas pessoas não representam as correntes majoritárias.”

Sobre as reformas, Genoíno disse que sua expectativa é muito positiva. “Ninguém quer perder (disse numa referência à resistência de alguns governadores à reforma tributária proposta pelo ministro da Fazenda, Antônio Palocci), mas é necessário entender que sem essas reformas, o País não vai crescer. Por isso, vamos ter de negociar muito e, felizmente, sabemos fazer isso muito bem”.

Ministros

Enquanto isso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu-se a equipe econômica do governo e os presidentes dos bancos oficiais (Caixa Econômica, Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES) para orientá-los a desenvolverem uma “ação coordenada e sinérgica” com o objetivo de estimular o desenvolvimento da infra-estrutura econômica e social do país.

No encontro de mais de quatro horas, no Palácio do Planalto, o presidente também pediu aos presidentes da Caixa, Jorge Mattoso, do Banco do Brasil, Cássio Casseb, e do BNDES, Carlos Lessa, que tenham particular atenção com programas voltados para setores específicos das instituições financeiras, especialmente as pequenas e médias empresas, o apoio às cooperativas, o crédito à agricultura familiar, as obras de saneamento básico e habitação popular, o fomento às exportações, o incentivo ao desenvolvimento regional e a geração de empregos.

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