PT abre processo para punir bloco dos “radicais”

São Paulo

 – A Executiva Nacional do PT decidiu ontem encaminhar à Comissão de Ética do partido processos contra a senadora Heloísa Helena (PT-AL) e os deputados João Batista de Araújo (PT-PA), o Babá, e Luciana Genro (PT-RS), que podem resultar na expulsão do grupo do partido.

A ação será aberta com base em delito de opinião – nas posições contrárias de Helena, Babá e Luciana às propostas de reformas encaminhadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Congresso. O deputado Lindberg Farias (RJ) escapou da punição.

Na mesma reunião, foi aprovada resolução determinando o debate e o fechamento de questão, dentro das bancadas da Câmara dos Deputados e do Senado, para a aprovação das reformas da Previdência e tributária.

A direção do PT reuniu-se por cerca de seis horas para analisar a situação dos parlamentares, que estavam presentes à reunião. “Essa representação é casuística; foi-nos oferecido um acordo para que nos comprometêssemos a votar qualquer proposta do partido. Isso não é possível, porque não podemos votar propostas que atacam os direitos dos servidores públicos”, afirmou a deputada do PT do Rio Grande do Sul, após o encontro com a cúpula do partido.

Segundo Luciana, que integra a ala da esquerda da legenda, o processo terá como fundamento os depoimentos que esses parlamentares fazem contra as mudanças. Ela achou estranho que apenas três parlamentares sejam objeto de representação, com base na violação de opinião. De acordo com Luciana, o senador Paulo Paim (PT-RS) e o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) também têm se posicionado contra as reformas, afirmando que não pretendem votar o projeto do governo

Todos os deputados se posicionaram contra itens da reforma da Previdência, principalmente a cobrança de 11% sobre as aposentadorias dos inativos. Babá chegou a participar de manifestação contrária à reforma previdenciária. Helena e Farias ameaçaram recorrer à Justiça contra a propaganda oficial que defende as reformas na TV e nos jornais.

Heloísa Helena afirmou, ao deixar a reunião da Executiva Nacional, que recebeu a decisão com “profundo constrangimento”. Segundo ela, “não existe nenhuma base estatutária para abertura do processo”. “Vamos enfrentar com firmeza a comissão de ética. Vamos enfrentar o debate”, afirmou ela.

“A decisão da executiva não tem nenhum respaldo no estatuto e não entendemos porque colegas que também têm feito críticas não estão sendo submetidos à comissão.” A senadora disse que vai “lutar até o fim para se manter no PT”. “Não posso aceitar que alguns delinqüentes da política nacional sejam aceitos no partido para garantir a base parlamentar, enquanto nós sejamos expulsos”, argumentou ela.

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