Projeto prevê ajuda a ex-homossexuais

Rio – Militantes gays planejam “acampar” na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro para protestar contra projeto de lei do deputado pastor Édino Fonseca (Prona), que propõe a criação de programas de auxílio às pessoas que “voluntariamente optarem pela mudança da homossexualidade para a heterossexualidade”.

Pelo projeto, o poder público terá de financiar iniciativas para a “prevenção, apoio e/ou possibilidade de reorientação sexual das pessoas que vivenciam a homossexualidade”. Na prática, segundo o deputado, os governos seriam obrigados a manter programas desse tipo em organizações não-governamentais e em igrejas, como aqueles que já existem na Assembléia de Deus de Fonseca.

Representantes da Rede Internacional de Cultura Gay, do Arco-Íris e do Atobá afirmam que o projeto ajuda a aumentar o preconceito contra os homossexuais. Eles vão tentar barrar a proposta do deputado antes mesmo de ir à votação, mas, se não conseguirem, pretendem levar centenas de gays às galerias da Assembléia para evitar a aprovação (o projeto foi apresentado na terça-feira e ainda não tem data para ser votado).

“Esse projeto é um desserviço. O que ele quer é o repasse de dinheiro público para igrejas evangélicas”, ataca Claudio Nascimento, coordenador do Arco-Íris. “Além disso, ele dá legalidade à perseguição de gays.” Raimundo Pereira, da Rede Internacional de Cultura Gay, concorda. “Homossexualismo não é doença e não precisa ser tratada. Isso é um retrocesso.”

Surpreso

O deputado Édino Fonseca, pastor da Assembléia de Deus há 35 anos, se diz surpreso com a reação ao projeto e nega ter preconceito contra homossexuais. “Na Igreja, sempre recebi pessoas em conflito que não tinham a quem recorrer quando decidiam deixar de ser gays. Esse é um problema que existe e que deve ser assumido pelo Estado”, afirma. Ele também nega que o projeto beneficie a Assembléia de Deus. “Esse tipo de trabalho não é feito só pelas igrejas evangélicas, mas por várias religiões e organizações.”

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