Procurador vê mão de ACM no grampo

Brasília

– O procurador parlamentar da Câmara, Luiz Antônio Fleury Filho (PTB-SP), afirmou ontem que “já existem indícios não conclusivos” do envolvimento do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) nos episódios dos grampos clandestinos na Bahia. Fleury acredita que o depoimento de Adriana e Plácido Faria, casal que acusa ACM de perseguição, será fundamental para o esclarecimento do episódio.

Ele se reuniu, na manhã de ontem, com o presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), para apresentar o relatório das reuniões que manteve com representantes do Poder Judiciário da Bahia, na última sexta-feira. Além disso, Fleury entregou uma relação das investigações que estão sendo feitas pela Polícia Federal. Conforme o procurador, foram detectadas 257 escutas telefônicas, sendo que 232 delas foram realizadas no período pré-eleitoral, inclusive às vésperas da eleição. Na semana passada, Fleury acompanhou as investigações sobre as escutas telefônicas feitas em telefones de deputados federais.

Fleury afirmou que a procuradoria está à disposição para que os deputados vítimas da escuta telefônica entrem com ação por danos morais contra o governo da Bahia. O procurador informou que ia encaminhar ainda ontem ofício ao líder do PT, deputado Nelson Pellegrino (BA), ao ex-líder do PMDB, Geddel Vieira Lima (BA), e ao ex-deputado Benito Gama (PMDB), vítimas dos grampos, relatando o caso e colocando a procuradoria da Câmara à disposição.

Em relação a uma possível Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o assunto, o procurador não quis se manifestar. “Essa é uma decisão política que cabe aos líderes partidários. Eu não quero emitir opinião para que não pairem suspeitas sobre a minha isenção no acompanhamento das investigações”, explicou.

Tereza Cristina, juíza que autorizou os grampos, declarou em depoimento à Polícia Federal que sofreu pressões de políticos e pessoas ligadas ao Tribunal de Justiça do Estado, para abafar informações importantes referentes à autorização dos grampos.

O delegado Gesival Gomes de Souza, designado pelo Superintendência Geral da Polícia Federal, em Brasília, para investigar os mais grampos a telefones de políticos baianos, abriu no dia 13 de fevereiro inquérito para investigar as responsabilidades. Os grampos foram autorizados para monitorar quadrilhas de seqüestradores, mas foram acrescentados ilegalmente mais de 400 números de opositores ao governo baiano.

Os ofícios da juíza determinando quebra de sigilo telefônico de 12 linhas teria sido adulterado para incluir o telefone do deputado Geddel Vieira Lima, primeiro-secretário da Câmara e ex-líder do PMDB. Gesival Souza tem 30 dias para realizar as investigações, prorrogáveis por mais 30 dias, a contar de 5 de fevereiro, data em que o deputado Geddel Vieira Lima protocolou pedido de investigação na Polícia Federal de Brasília. A PF iniciou inquérito dia 11.

São dois crimes que estão sendo investigados: interceptação telefônica sem autorização judicial e falsificação de documento judicial.

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