Brasília – As empresas que prestam serviço para o governo do Distrito Federal terão de reservar 2% dos postos de trabalho para ex-presidiários e presos do regime semi-aberto. É o que determina a Lei 4.079/2008 que entrou em vigor na última segunda-feira (7).

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De acordo com a secretaria de Justiça do DF, é a primeira vez que esse tipo de medida é implantada no país. A iniciativa é destinada aos que passaram por cursos de capacitação no período em que ficaram presos, o que corresponde, atualmente, a cerca de 30% dos 8 mil presidiários do Distrito Federal.

A seleção será feita pelos empresários a partir de uma lista elaborada pelo governo local, contendo dados como o passado criminal e as qualificações do ex-detento ou do presidiário em regime semi-aberto.

Para o secretário de Justiça, Raimundo Ribeiro, a medida irá ajudar na reintegração do preso na sociedade e dará trabalho e renda para os que deixam o sistema carcerário.

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?Uma pessoa que já cumpriu sua pena precisa ter uma nova oportunidade. Há também o aspecto econômico, pois o custo de um presidiário é muito alto?, explicou o secretário.

O sociólogo e pesquisador da Universidade de Brasília (UnB), Lúcio Castelo Branco, não acredita que o DF esteja preparado para esse tipo de iniciativa. Para ele, deveria haver, antes de tudo, um maior investimento no sistema penitenciário.

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?É uma situação de risco para as empresas. Os presídios não recuperam ninguém, muito pelo contrário. São máquinas de aprimoramento da capacidade de lesar o outro?, comenta o pesquisador.

Mas o secretário Raimundo Ribeiro garante que não será necessário reforçar a segurança. Segundo ele, os selecionados para trabalhar nas empresas terceirizadas estão recuperados para viver em sociedade.

?A pessoa, depois de cumprir uma pena, volta a ser um cidadão comum. A única diferença é que o passado dela apresenta uma condição de ex-presidiário?, assegura o secretário.

A lei, que entrou em vigor esta semana, vale para novas licitações e para a renovação de contratos das empresas que já prestam serviços para o governo do Distrito Federal.