Presidente quer sociedade como a fiscal do Lula

Brasília

– O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ontem que a sociedade brasileira aja como fiscal do governo no combate à corrupção. A afirmação do presidente foi feita durante o sorteio dos novos municípios que serão fiscalizados pela Controladoria Geral da União, para avaliar a aplicação de recursos federais. Os municípios fiscalizados no sorteio anterior apresentaram falhas.

Além destes, ganhou evidência o caso de corrupcão em Porto Seguro, na Bahia, denunciada no programa Fantástico, da Globo, domingo. O governo federal vai enviar uma força-tarefa, na próxima quinta-feira, a Porto Seguro, para investigar as denúncias de corrupção e desvio de verbas públicas. A Controladoria Geral da União (CGU) vai coordenar as investigações, que incluem a avaliação de todos os recursos repassados pela União para a prefeitura. Hoje e amanhã, os técnicos da CGU iniciam os trabalhos em Brasília, com levantamento das informações.

Em seu discurso durante a cerimônia de sorteio dos 26 municípios que serão fiscalizados pela Controladoria, na manhã de ontem, Lula citou a reportagem exibida no Fantástico sobre as denúncias de corrupção em Porto Seguro. A gravidade da denúncia, de acordo com o presidente, é de tal ordem que não pode ter a mesma tramitação normal, como se fosse apenas um erro administrativo ou uma coisa menor.

“É preciso ter mecanismos mais eficazes na apuração e que as pessoas envolvidas sejam condenadas, porque a condenação passa a ser um exemplo para que os administradores públicos tomem cuidado e tenham responsabilidade com o dinheiro que não é seu”, declarou Lula, dizendo ainda que esse programa da Controladoria pode servir de exemplo para o país e para o mundo. Para o presidente, a sociedade brasileira precisa compreender que a corrupção só será combatida de verdade no dia em a própria sociedade, com os instrumento que ela tem, agir como fiscal. “O que precisamos são indícios e provas.”

Segundo ele, a idéia principal do programa não é punir ou condenar antecipadamente qualquer pessoa, mas investigar, fazer todos os levantamentos possíveis e encaminhar tudo o que foi encontrado a quem é de direito, a começar pelo Ministério Público para que se abram os processos necessários. “Não é preciso fazer nenhum escândalo junto aos meios de comunicação. Não podemos permitir que pessoas que praticaram corrupção sejam julgadas depois que terminar o seu mandato, como acontece habitualmente no nosso país.”

“Esse sorteio não tem coloração ideológica ou partidária. Os honestos, obviamente, estarão rezando para que as suas cidades sejam sorteadas o mais rápido possível, e os desonestos começarão a trabalhar honestamente pelo menos para o próximo ano”, destacou Lula.

Lula vai ao G-8 pedir liberalização

Brasília

– O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará um apelo pessoal em nome do Mercosul durante a Reunião de Cúpula do G-8, em 1.º de junho, em Ivian, na França, em favor do desbloqueio dos impasses a Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC). Lula será o porta-voz do bloco ao pedir que os organismos financeiros internacionais excluam os investimentos em infra-estrutura dos cálculos do resultado primário das contas públicas dos países que buscam seu socorro. O compromisso do presidente de apresentar-se como o representante da região no encontro com os líderes dos países mais ricos do mundo tornou-se claro, hoje, com a visita de trabalho do presidente do Uruguai, Jorge Batlle, e a declaração conjunta assinada por ambos.

Convidado pelo presidente da França, Jacques Chirac, o presidente Lula imaginava inicialmente focar seu discurso, em Evian, na criação de um programa mundial de combate à fome. Evento originalmente programado para os líderes do G-8, o clube dos sete países mais industrializados do mundo (Estados Unidos, França, Alemanha, Japão, Inglaterra, Canadá e Itália) mais a Rússia, a reunião foi ampliada por iniciativa de Chirac, que convidou outros chefes de Estado, entre os quais os do Brasil, da China, da Índia e do México.

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