Presidente do TJ-SP comete gafe ao falar sobre pedofilia

O presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) cometeu ontem uma gafe ao relacionar casos de pedofilia com a Igreja Católica. O desembargador Antonio Carlos Viana Santos afirmou que muitas vítimas não prestam queixa do crime com medo de ficarem estigmatizadas e poderem ser chamadas de “comida de padre”.

Ele deu a declaração no evento de lançamento do Fórum Internacional de Justiça, encontro com delegações de quase 50 países, que ocorrerá em São Paulo de 13 a 15 de maio. Entre os temas que serão discutidos estão a adoção internacional de crianças, a corrupção na medicina, tráfico de pessoas e formas de combate à pedofilia.

O desembargador fez o comentário ao citar as dificuldades que fazem investigações de casos de pedofilia não avançarem. “A vítima, psicologicamente, se retrai. Então, sem o testemunho dela, que é o começo de tudo, não há nada”, disse Viana Santos. “Desculpe o termo, são todos maiores. Eu sei que vai para o ar, mas eu sou assim. Já imaginou numa cidade aí de uns cem mil habitantes: ‘Ah, aquele lá é comida de padre?’ Já imaginou como é que fica na cidade? Então ele se retrai, se esconde”, afirmou.

Reação

A Igreja Católica reagiu às declarações do desembargador, feitas em um momento em que surgem acusações contra a entidade. “A Igreja quer que se rompa o silêncio desse crime, seja por parte de padres, da família ou de qualquer membro da sociedade”, disse Antônio Aparecido Pereira, o padre Cido, vigário episcopal de Comunicação da Arquidiocese de São Paulo. “A frase é um grande preconceito. E mostra total desconhecimento do trabalho feito pela Igreja.”