Presidente do PCB diz ter esperança no governo

Professora de sociologia e ciência política na Universidade Federal do Rio de Janeiro, a presidente nacional do PCB, Zuleide Faria de Melo, esteve ontem em Curitiba para participar do I Encontro de Discussões Filosóficas, promovido pela Universidade Federal do Paraná. Em sua palestra ela falou sobre a atualidade da teoria marxista. Na entrevista dada a O Estado, ela deu sua opinião a respeito do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e afirmou que ainda está esperançosa.

“Desde 1989 apoiamos o Lula, e temos inclusive pessoas no governo. Mas quando damos apoio jamais assinamos um cheque em branco. Temos um projeto de sociedade e para atingi-lo temos princípios. Fui uma das mentoras da campanha, e ainda estou com esperanças”, disse.

Segundo a professora, algumas questões essenciais deveriam ser revistas. “Na economia não mudou praticamente nada, e dessa forma não tem como o programa Fome Zero dar certo, assim como a reforma agrária. É preciso implementar projetos sociais”, opinou. Para Zuleide, é difícil falar em democracia no Brasil. “Como podemos falar em democracia com 58 milhões de famintos?”, questionou.

“O país ficou com uma dívida interna e externa inconcebível. No começo do governo do Fernando Henrique Cardoso a dívida externa era de US$ 120 bilhões. Em oito anos ela passou para US$ 260 bilhões. Já a dívida interna é de R$ 700 bilhões; temos 58% do PIB nacional comprometido com o pagamento dos juros. O que sobra é pouco para montar o orçamento”, explicou.

No entanto ela lembra que qualquer um que assumisse a presidência teria dificuldades. “Este é um ano atípico, porque o orçamento já estava aprovado, não tem como mexer. Além disso, na política externa o Lula está indo muito bem. Então temos que continuar dando crédito”.

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