Presidente do BB pode ter que explicar show de Zezé e Luciano

Brasília – O presidente nacional do PT, José Genoino, afirmou ontem que não vê nenhum problema no fato de os cantores sertanejos Zezé Di Camargo e Luciano estarem pleiteando patrocínio de R$ 5 milhões do Banco do Brasil para bancar uma turnê da dupla sertaneja pelo País.

Os partidos de oposição suspeitam que a dupla fez dois shows, um em São Paulo e outro em Brasília, para arrecadar recursos para a compra da sede do PT, em troca da promessa de patrocínio do BB. Para Genoino, essas suspeitas são uma “discriminação e uma palhaçada”. “Quantos artistas fizeram campanha para o Fernando Henrique Cardoso? Vários fizeram campanha e vários fizeram também propaganda para o governo”, argumentou o presidente do PT, que preferiu não citar os nomes dos artistas que trabalharam para o governo passado.

Genoino observou que Zezé Di Camargo e Luciano são “amigos do PT”. “Eles não estão impedidos de serem amigos do PT e concorrerem a um patrocínio do Banco do Brasil”, disse. “Eles têm uma relação com o presidente Lula que não tem a ver com a máquina pública”, afirmou o líder do PT na Câmara, Arlindo Chinaglia (SP), ao lembrar que a dupla de cantores fez campanha para Lula a preços abaixo dos de mercado nas eleições presidenciais.

Explicações

O presidente da Comissão de Fiscalização e Controle do Senado (CFC), Ney Suassuna (PMDB-PB), previu ontem que o governo não deve impor dificuldades ao comparecimento à comissão do presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb Lima, para falar dos critérios de distribuição de patrocínio da instituição. De iniciativa do líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), o requerimento convocando Casseb no retorno dos trabalhos do Congresso, em agosto, foi protocolado ontem na CFC.

De acordo com o tesoureiro do partido, Delúbio Soares, o show em São Paulo, no último dia 8, teve renda líquida de R$ 250 mil. A renda do show de Brasília, na terça-feira (13), com público de cerca de 2,5 mil pessoas, não foi divulgada. “Como vice-líder do governo, acredito que tudo deve ser feito para que não fiquem dúvidas sobre o comportamento de uma instituição pública”, defendeu Suassuna.

O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP) prevê que “quanto mais transparente for toda a situação, melhor será”. O líder disse que não tomou conhecimento do episódio e que na noite do show, com ingresso de R$ 250 por pessoa, estava em plenário votando a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). “Não tenho dúvidas de que o patrocínio do Banco do Brasil segue critérios de interesse da população”, defendeu.

Suassuna disse não saber se a competência das comissões de convocar autoridades é restrita a ministros ou se também se estende a seus subordinados. De qualquer forma, previu que o próprio Casseb terá interesse em atender ao convite da CFC, a exemplo do que fez em abril o presidente da Caixa Econômica Federal (CEF), Jorge Mattoso, para falar da suspeita de superfaturamento na renovação do contrato do governo com a Gtech que presta serviço à instituição na área das loterias.

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