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Foto: O Estado

Márcio Veloso está entre os empresários que foram presos em Brasília.

A Polícia Federal (PF) desmantelou ontem, com a Operação Mão-de-Obra, uma quadrilha especializada em fraudar licitações em órgãos públicos nas áreas de vigilância, serviços gerais e informática. Foram presos seis acusados de envolvimento no esquema, entre os quais dois empresários e um funcionário da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Outros 14 suspeitos de ligação com a máfia dos editais, entre os quais seis funcionários públicos com funções dirigentes na área administrativa, um deles do Senado, podem ter prisão decretada nos próximos dias.

O bando, segundo informou a PF, é a ponta visível de um gigantesco esquema de fraudes nos editais de licitação do setor público, envolvendo um conluio entre funcionários públicos corruptos e empresários corruptores. A PF tem indícios de que, a exemplo do governo federal, os dos e Estados e prefeituras são vítimas desse oceano de golpes. O esquema é antigo e a investigação abrange contratos de três empresas – Conservo, Ipanema e Brasília Informática – com a administração federal nos últimos quatro anos.

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Pelos primeiros dados levantados, o prejuízo pode ser superior a R$ 100 milhões. Alvos de prisão provisória, que deve durar até o fim do inquérito, foram capturados ontem os empresários Victor João Cúgola, proprietário da Conservo; José Carvalho Araújo, dono da Ipanema, e Márcio Pontes Veloso, da Brasília Informática. Considerado cabeça do grupo, Cúgola foi preso em Belo Horizonte e será trazido hoje para Brasília As três empresas prestam serviços de segurança e limpeza nos órgãos federais investigados. Alvos de prisão temporária, com duração de no máximo dez dias, também foram capturados o funcionário da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Geraldo Luiz Ferreira dos Santos, Paulo Duarte, da Ipanema, e a gerente da Conservo Rosana de Souza Cardoso.

A operação foi desencadeada em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU), que fará uma auditoria sobre todos os contratos suspeitos, a fim de suspendê-los. Os autos serão enviados ao Ministério Público (MP) para fins de cobrança judicial de ressarcimento. Só um deles, para serviços gerais e vigilância do Ministério da Justiça, renderia R$ 25 milhões este ano à Conservo.

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Ao longo do dia, foi apreendida farta quantidade de documentos em 30 buscas realizadas no Senado, um dos principais focos da quadrilha, na Abin, no Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e nos ministérios da Justiça e dos Transportes.

A quadrilha, segundo a PF, realizava acertos para lotear grandes licitações de órgãos públicos e contava com a colaboração de servidores, que passavam informações privilegiadas ou atuavam de forma a atender os interesses dos empresários na elaboração de editais. ?Havia um loteamento de licitações entre as empresas do conluio?, afirmou um delegado que participa das investigações.

A ação, que envolveu 170 policiais, foi um desdobramento da Operação Sentinela, realizada em dezembro passado com o mesmo objetivo.