Prefeitura do Rio vai remover moradores de área de risco

Todos os moradores do Morro dos Prazeres, em Santa Teresa, no centro do Rio, onde deslizamentos mataram pelo menos 18 pessoas, e do trecho da Rocinha conhecido como Laboriaux, na zona sul, serão removidos e reassentados, afirmou hoje o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB). “É uma decisão tomada a partir de estudos de geotécnica. Não vamos mais brincar com essa história”, disse ele, que criticou “demagogos de plantão” contrários à medida. Sem informar prazos, o prefeito afirmou que vai “avançar” na questão dos reassentamentos na cidade. No caso das duas favelas, ele calculou que 2 mil famílias serão transferidas para local ainda não definido. “Não me peçam data ou projeto. Vamos discutir isso na fase seguinte da contingência.”

Paes disse esperar que os “demagogos de plantão não esqueçam” a tragédia provocada pela chuva. “Não vou ser responsável por pessoas morrerem ou passar todo o verão sem dormir.” Ele afirmou que impedir novas ocupações é uma “linha” de seu governo. “Não vou ficar com esses urubus da política esperando essas pessoas morrerem para que eles possam de alguma maneira se divertir.” O prefeito fez o anúncio ao comentar declaração do secretário de Defesa Civil do Estado, Sérgio Côrtes, que defendera “remoção compulsória” de moradores de áreas de risco. Em janeiro, a Prefeitura do Rio havia apresentado um mapeamento de áreas de risco que indicava a necessidade de remoção de 12.196 domicílios em 119 comunidades. Apenas um dos locais onde morreram as 43 vítimas da tragédia na capital estava na lista: a Rocinha (com uma vítima). Segundo a Secretaria de Obras, o levantamento de janeiro era “preliminar”.

Presidente da associação de moradores dos Prazeres, Lisa Brandão afirmou que “ninguém vai sair”. “Vão jogar uma granada? O que a gente precisa é do poder público trabalhando para melhorar, e não para retirar. Isso aqui é o nosso coração. Foi conseguido com muita raça. É um absurdo.” Moradora há 20 anos, ela disse que a ocupação começou na década de 1950. “A gente já tinha apontado locais com iminência de desmoronamento e até enviado ofício pedindo para entrar no PAC 2.”

O morro recebeu obras do projeto Favela Bairro até 2002. De 1999 a 2008, a favela praticamente não cresceu (0,12%). “Vamos resistir”, disse Lisa. Hoje, Paes voltou a pedir que moradores de encostas deixem suas casas até o fim das chuvas. Em dezembro, ele prometeu reduzir em 3,5% as áreas ocupas por favelas até 2012.