Tragédia em SC

Prefeitura de Ilhota autoriza uso da força para retirada de pessoas

A prefeitura de Ilhota começou a adotar medidas mais enérgicas para impedir que moradores do Morro do Baú retornem a suas casas. Na sexta-feira (28), o prefeito Ademar Félix assinou um decreto proibindo o acesso de pessoas aos núcleos habitacionais Braço do Baú, Alto do Baú e Baú Seco, áreas em que a Defesa Civil considera ser altíssima a chance de ocorrerem novos deslizamentos.

“Está sendo difícil convencer as pessoas dos riscos dessas áreas. Alertar sobre o perigo de novos deslizamentos não está sendo suficiente, então tivemos que adotar medidas mais severas”, informou Ângelo Curioletti Neto, aposentado que, em meio às dificuldades encontradas no município, foi convocado para “voluntariamente” assessorar o prefeito, de quem é amigo pessoal.

O decreto autoriza a Polícia Militar a usar a força para retirar as pessoas dos três núcleos. Com isso, a prefeitura espera conseguir convencer os moradores que desde a última quinta-feira (27) vêm sendo retiradas da região a permanecerem nos abrigos. De acordo com Curioletti, muitos dos moradores tentam regressar a suas casas por temerem saques ou por ignorarem os alertas das autoridades.

Em entrevista à Agência Brasil, o prefeito Ademar Felisky afirmou que, a partir desta tarde, homens da Força Nacional e policiais civis e militares irão bloquear todas as estradas que dão acesso à região a fim de evitar não só a volta dos moradores, mas a presença de saqueadores.

“As pessoas não querem se desfazer dos seus bens, mas não vamos permitir que elas morram por causa disso. Já temos muitas mortes e, como prefeito, não quero ser acusado de negligência. Minha orientação é que a Polícia Militar esgote a negociação e tente persuadí-las por bem, mas se alguém resistir [a deixar a área], os policiais estão autorizados a usar a força para retirá-las.”

Ilhota é um dos 14 municípios que decretaram estado de calamidade pública e contabiliza 37 dos 109 mortos divulgados pela Defesa Civil. Somado a Gaspar e Luiz Alves, outras duas cidades abrangidas pelo Vale do Baú, o total de mortos devido ao desmoronamento do morro chegam a 57. Ainda há moradores desaparecidos na região.

Segundo Curioletti, aproximadamente 3,5 mil dos 12 mil habitantes de Ilhota estão desalojados ou desabrigados.

O prefeito sugere que muitas pessoas foram vítimas do excesso de confiança. “Elas pensaram que, por morar na região dos Baús há muito tempo e nunca terem visto acontecer nada igual, estavam livres de deslizamentos. Só que o que aconteceu agora [o volume das chuvas] nunca havia ocorrido na história do município. Parece que a natureza tomou para ela o que lhe pertencia.”

Felisky afirma que os prejuízos do município são enormes. Ele alega que o momento não é de fazer contas e afirma que ainda não conversou com autoridades sobre a necessidade de ajuda financeira para reconstruir o município.

“Nossa prioridade agora é abrigar as vítimas. Só depois faremos um levantamento dos danos causados pelas chuvas e encaminharemos ao governo estadual ou ao federal o quanto de recursos será necessário para reconstruir a cidade.”

O município de Ilhota abriu uma conta corrente para arrecadar recursos que ajudem as comunidades afetadas pelas chuvas: Banco Brasil, Agência 3148-8, Conta: 90.000-1.

 

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