Prefeito de Niterói indica polêmico coronel para secretaria

A menos de uma semana para o início do julgamento do primeiro acusado pelo assassinato da juíza Patrícia Acioli, em Niterói, uma decisão tomada pelo prefeito eleito da cidade, Rodrigo Neves (PT), causou controvérsias entre os envolvidos no caso. O político petista indicou o coronel da PM Paulo Henrique Azevedo de Moraes como futuro secretário de Segurança do município.

Ex-comandante do Bope (Batalhão de Operações Especiais), Moraes é apontado como o responsável pela decisão técnica de não oferecer escolta para Patrícia Acioli, que foi assassinada em agosto do ano passado, enquanto investigava a atuação de milícias em São Gonçalo, região metropolitana do Rio.

A reportagem teve acesso a documentos onde o coronel, então a frente do Gabinete da DGSEI (Diretoria Geral de Segurança Institucional) do Tribunal de Justiça do Rio, deu parecer contrário ao pedido de escolta de Patrícia Acioli.

No dia 12 de fevereiro de 2009, Moraes encaminha à DGSEI a recomendação de não acatar à requisição da juíza, por conta da “desnecessidade de medidas extraordinárias de segurança”.

Ele tinha concordado com o relatório feito pelo sargento Sérgio Luiz de Freitas Nogueira, que interrogou dois policiais militares acusados de articular o assassinato de Patrícia Acioli.

Segundo informações do Disque Denúncia, em junho de 2008, o policial militar Walney Silva do Rosário e o bombeiro Luciano de Souza Inácio de Andrade foram flagrados juntos ao bicheiro Cleber Portela tramando a morte da juíza, em São Gonçalo.

Em dois depoimentos ao sargento Sérgio Luiz, dois meses depois, a dupla alegou apenas que as acusações eram infundadas, pois ambos nunca teriam respondido a processos na vara onde Patrícia Acioli atuava. A DGSEI deu, então, o caso por encerrado.

Meses depois, os dois responderam a um processo por formação de quadrilha na 5ª Vara Criminal de São Gonçalo, acusados de integrarem grupos de milícia no município. O processo ainda não teve sentença.

Para Humberto Nascimento, primo da juíza, as investigações da DGSEI foram superficiais: “Como um acusado responde apenas que não sabia de nada e o investigador e toda a diretoria se dão por satisfeitos?”, indaga Nascimento.

Por meio de sua assessoria, o prefeito eleito, Rodrigo Neves, informou apenas o coronel Paulo Henrique Moraes atendeu “a todos os pedidos feitos pela juíza enquanto chefiou o DGSEI”. Procurado pela reportagem, Moraes não quis se manifestar.