Políticos são os preferidos na malhação do Judas

São Paulo (AE) – Após muita polêmica e de correr o risco de não ser realizada, a tradicional malhação do Judas, feita no bairro paulistano do Cambuci há 80 anos, aconteceu na manhã de ontem com a utilização de bonecos de personalidades do cenário político e econômico do País. Dentre os Judas malhados neste ano, os destaques foram os bonecos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), do ministro da Fazenda, Antônio Palocci, e um que simbolizava a Medida Provisória 232, que corrige em 10% a tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), mas aumenta a tributação para os prestadores de serviços, profissionais liberais e agricultores.

Os bonecos que representavam o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta, a modelo Daniela Cicarelli, o cantor norte-americano Michael Jackson, o ET de Varginha e o prefeito fictício Reginaldo, personagem interpretado pelo ator Du Moscovis na novela Senhora do Destino, da Rede Globo de Televisão, este simbolizando os políticos corruptos, também foram castigados.

A maioria dos bonecos foi feita por moradores do bairro, com exceção do que criticava a MP 232, o primeiro a ser malhado, enviado por entidades do comércio descontentes com a medida. O boneco trazia uma faixa com os dizeres: ?Basta! Abaixo a MP 232?.

 Apesar de os empresários chamarem a atenção para a questão dos impostos, o que ficou evidente na manifestação de ontem foi o descontentamento da população com a classe política brasileira. Um dos organizadores do evento, o funileiro Oswaldo Rodrigues das Neves, que faz os bonecos há 17 anos, afirmou que 2005 teve o recorde de Judas produzidos (cinco) e que não montou outros porque seria inviável retratar todos na rua escolhida para a malhação. ?O ano inteiro eles ficam pisando em nós. No Sábado de Aleluia, é a nossa vez?, comentou, destacando que foi a primeira vez que produziu um boneco de um prefeito recém-empossado, caso de José Serra. ?É muito fácil falar na hora de pedir o voto. O difícil é fazer depois?, criticou.

Um mal-entendido entre Rodrigues das Neves e a Prefeitura quase provocou o cancelamento da malhação do Judas. O organizador desejava trazer uma banda com carro de som para animar o evento e eliminar a imagem de violência presente nestas ocasiões, mas não informou a administração pública a tempo, o que impediu a instalação do equipamento. (Flávio Leonel)

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