Política industrial apoiará setor forte em mão-de-obra

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, disse nesta quarta-feira (27) que a nova política industrial do governo que está em elaboração deve apoiar três setores: os setores intensivos em mão-de-obra; os setores competitivos, como commodities, para a criação de empresas de atuação global; e as subsidiárias de empresas multinacionais, como as montadoras de automóveis.

Luciano Coutinho explicou, durante audiência na Comissão de Desenvolvimento, Indústria e Comércio da Câmara, que as linhas da política industrial não estão totalmente fechadas e ainda dependem de uma reunião com a Câmara de Política Econômica para virar uma política de governo. No caso dos setores intensivos em mão-de-obra, que sofrem com a concorrência internacional em função da apreciação do câmbio, Coutinho disse que "o caminho inteligente" é a inovação para o desenvolvimento de produtos diferenciados que possam escapar da competição em custos e preços.

"Esse é o caminho possível para esses setores para preservá-los, e que são importantes na geração de empregos", disse. Segundo ele, é muito difícil vencer a China e a Índia na questão de custo e preço dos produtos. "Temos que financiar projetos de inovação para produtos diferenciados que possam competir com uma margem de lucro mais alta", afirmou.

Luciano Coutinho afirmou que o BNDES deve melhorar as condições de financiamento às exportações, o que deve servir como "uma alavanca poderosa" para esses setores. Outro ponto da política industrial será o estímulo à formação de grandes empresas com atuação no mercado internacional. Ele lembrou que o BNDES apoiou recentemente a compra da americana Swift pela Friboi. "A nova política deverá ajudar a fortalecer grandes empresas brasileiras de atuação global em setores que o Brasil é competitivo, como o setor de commodities", explicou.

Uma terceira perna da política industrial, conforme Coutinho, é o apoio a complexos importantes, com presença internacional. "Nos setores onde há a presença de grandes empresas internacionais", como o setor automobilístico, a idéia é reforçar o papel das empresas nas subsidiárias no Brasil de maneira a reforçar a base manufatureira brasileira", explicou. Ao ser questionado sobre os instrumentos que seriam usados, o presidente do BNDES disse que há um conjunto de medidas em estudo. Segundo ele, o BNDES tem como instrumentos o crédito e a capitalização de empresas.

Já o Ministério do Desenvolvimento tem como instrumento a política tarifária, enquanto o Ministério da Fazenda tem o tratamento tributário. "É um conjunto de esforços que podem reabilitar essas empresas. Existe um poder de compra do governo em várias áreas e esse conjunto de instrumentos já está assinado para que a política industrial tenha mais eficácia", informou.

Balança comercial

O superávit da balança comercial deve começar a diminuir em 2008 afirmou o presidente do BNDES. Na avaliação de Coutinho, como as importações estão crescendo muito mais rapidamente do que as exportações, na margem é inevitável que o superávit caia. "Provavelmente o superávit em 2008 será menor que em 2007. A minha expectativa, como economista, é que o superávit se reduza" disse Coutinho.

Ele acredita que a queda do superávit da balança comercial e a redução dos juros devem diminuir a pressão cambial. "A tendência é que em alguns meses a pressão cambial comece a moderar. Mas enquanto essa questão dos juros e do câmbio não vem estamos nos empenhando para ajudar os setores", disse Coutinho, que participou de audiência na Comissão de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, da Câmara dos Deputados.

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