O ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou nesta terça-feira (29) que não houve crime nem violação da privacidade do Congresso na atitude do policial federal que filmou, em corredores da Câmara dos Deputados, o lobista João Pedro de Moura entrando e saindo dos gabinetes dos deputados Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) e Henrique Eduardo Alves, líder do PMDB. O lobista é acusado de envolvimento no esquema de desvio de dinheiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

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Em resposta a declarações do presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), o ministro da Justiça afirmou, em entrevista coletiva, que a filmagem não violou normas legais, já que foi feita em espaço público. "Naquele local, qualquer um pode filmar ou fotografar. Não houve violação de normas legais. A filmagem foi feita no corredor, e não se violou a intimidade do plenário nem a privacidade dos gabinetes", disse.

Genro disse também que o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Luiz Fernando Corrêa, verificará se o Manual de Procedimentos Operacionais da corporação foi ou não violado quando o advogado Ricardo Tosto e outros acusados de envolvimento no esquema foram filmados no momento em que eram conduzidos para dentro do prédio da PF. O esquema foi revelado pela Operação Santa Cruz, deflagrada na quinta-feira.

A filmagem dos acusados foi feita, segundo Genro, porque se permitiu o acesso dos presos ao prédio por uma entrada "inapropriada", na qual ficaram expostos às câmeras. O manual proíbe a chamada "pirotecnia", como, por exemplo, a exposição pública de pessoas detidas que ainda estão sendo investigadas. O ministro disse que uma das possibilidades é a de que, ao se permitir a filmagem, tenha havido equívoco pelo manual ser ainda muito recente, foi editado no final do ano passado.

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Deputados

Em relação ao suposto envolvimento dos dois deputados no esquema Tarso Genro afirmou que não houve vazamento ilegal de informações constantes do relatório da PF sobre o caso. O que pode ter havido, segundo ele, é que o juiz liberou os autos para os advogados de defesa e algum advogado pode ter deixado vazar informações para a imprensa a fim de levar a investigação para o Supremo Tribunal Federal (STF), beneficiando todos os suspeitos no caso, inclusive não-parlamentares. O ministro voltou a dizer que os deputados "efetivamente não são suspeitos e não foram investigados".

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