Policiais federais de todo o Brasil fazem protesto

Policiais federais de todo Brasil realizaram hoje um protesto simultâneo contra a edição da Medida Provisória 51, que cria a Polícia Federal fardada. A decisão, tomada no início deste mês, para contratar 6 mil policiais de nível intermediário, está sendo interpretada pelos 7 mil servidores da PF como uso político da corporação. “Os quadros da PF estão defasados há muito tempo. Em oito anos desse governo não houve qualquer contratação qualitativa”, criticou o diretor do Sindicato dos Servidores da Polícia Federal do Rio, Ribamar Pereira. O estado tem aproximadamente mil policiais federais.

Agentes, investigadores e delegados entendem que a contratação imediata de todo o efetivo anunciado pelo governo tem “fins eleitoreiros” e não ajuda em nada a combater a violência. “Por que o governo não foi compondo os quadros fazendo concurso para mil homens a cada ano da administração de Fernando Henrique Cardoso?”, questiona o agente Pereira.

Com faixas contendo palavras de ordem – “Por que seis mil vagas num ano eleitoral e não não decorrer do mandato do atual governo ?” – membros do sindicato comandaram a manifestação da porta da Superintendência da PF no Rio, onde se concentraram cerca de 30 pessoas. “Segurança se faz com uma polícia inteligente, bem preparada e fortalecida. Precisamos, por exemplo, de policiais formados em administração, economia, contabilidade para combater os crimes do colarinho branco. A população não precisa de uma polícia que ostenta, mas que realmente garanta sua segurança”, defendeu o diretor do sindicato.

Agentes da Polícia Rodoviária Federal também aderiram ao movimento. “Queremos saber a quem interessa a PF fardada, se já usamos uniforme”, questiona a presidente do sindicato da categoria, Maria de Fátima Bina de Souza, engrossando o coro dos descontentes. De acordo com ela, em maio deste ano, o governo federal abriu 3 mil vagas para a Polícia Rodoviária. Mas acabou contratando apenas 600, alegando falta de verba. “Se não tem orçamento para as polícias já existentes, como tem para criar uma nova polícia ?”, questionou.

O diretor do Sindicato da PF ressaltou que não há qualquer interesse em prejudicar a ação da Força-Tarefa, criada a partir da união das três polícias (Militar, Civil e Federal), para combater a violência no Rio. “Mas daqui para frente poderemos fazer paralisações, operação-padrão e até entrarmos em greve”, antecipou Ribamar Pereira. Os servidores da PF também querem que o diretor-geral da corporação e que os superintendentes regionais sejam escolhidos pela própria categoria. “Por indicação como é feito, os ocupantes dos cargos acabam sofrendo influências políticas”, justificou.

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