Polícia vai ouvir produtor que teria enterrado pintinhos vivos

A Polícia Civil vai abrir inquérito para investigar uma denúncia de que produtores rurais enterraram vivos mais de 100 mil pintinhos em uma granja de Paulo Lopes (a 60 km de Florianópolis).

Nas imagens gravadas com um celular por um funcionário da propriedade, outros dois empregados são vistos jogando em uma vala os pintinhos com poucos dias de vida.

O vídeo foi veiculado pela RBS TV, afiliada da Rede Globo em Santa Catarina. Na reportagem, há a informação de que o proprietário da granja, cujo nome não foi revelado, confirmou que mandou enterrar vivos os animais porque não tinha ração para alimentá-los.

 

No mesmo vídeo é possível ver outro funcionário jogando em um tonel milhares de ovos.

 

O delegado Luiz Carlos Jeremias Filho, da delegacia de Garopaba, comarca responsável por Paulo Lopes, afirmou que vai solicitar à emissora o vídeo para apurar o caso. “Vamos tentar localizar a propriedade e saber as razões da matança”, diz. Segundo ele, se for comprovada, a ação pode configurar crime ambiental.

A Acav (Associação Catarinense de Avicultura), por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que indústrias de pequeno e médio porte estão com dificuldades financeiras para comprar ração para os integrados por conta do alto preço dos insumos, que aumentaram até 200% esse ano.

Marcos Antônio Zordan, presidente da Ocesc (Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina), confirma. Para ele, a ação mostrada no vídeo “é sinal de desespero puro”. “É um caso excepcional de alguns criadores”, disse.

Segundo Zordan, no ano passado a tonelada do farelo de soja era vendida a R$ 550, e hoje não custa menos que R$ 1.500. “E o preço da carne não acompanhou esse aumento.” Ele afirma que os criadores, sabendo que não terão ração para alimentar os animais, preferem matá-los. De acordo com o presidente da organização, “Se [os pintinhos] continuassem nos aviários poderiam desenvolver doenças e até canibalismo”.