Polícia mata dez traficantes no Rio

Rio

– Dez traficantes morreram ontem em confrontos com a polícia, oito deles durante operação montada à tarde no Morro da Mineira, na zona norte do Rio, para prender os supostos autores do ataque à Universidade Estácio de Sá, no qual a estudante Luciana Gonçalves de Novaes foi baleada. A PM também sofreu baixas: três policiais foram assassinados em vários pontos da Região Metropolitana entre a noite de quinta-feira e madrugada de ontem.

O delegado Allan Turnowski, que esteve à frente da operação na Mineira, disse que alguns dos traficantes mortos tiveram ligação com o atentado à universidade, ocorrido na manhã de segunda-feira. As identidades deles não foram divulgadas – Turnowski informou apenas que dois deles são conhecidos pelos apelidos de “Dorsa” e “Lean”. O delegado explicou que os criminosos do Morro do Turano, de onde partiram os tiros contra a Estácio de Sá, estão refugiados em favelas dominadas pela mesma facção criminosa, o Comando Vermelho, como a Mineira, para fugir do cerco policial.

A operação durou mais de quatro horas e contou com policiais da Divisão de Repressão a Armas e Explosivos e da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas, que tiveram ajuda de um helicóptero. Ninguém foi preso. Foram apreendidos dois fuzis, duas pistolas, quatro revólveres, maconha e cocaína. Os outros dois traficantes mortos foram baleados de madrugada, em troca tiros em Barros Filho, na zona norte. Com eles foram apreendidos um revólver e uma pistola.

De manhã, a PM ocupou com 160 homens o complexo da Maré, na zona norte, que reúne 17 favelas. O objetivo era evitar tiroteios nas linhas Amarela e Vermelha, vias expressas onde os conflitos são constantes, e também garantir a segurança da população que vive nas comunidades. Ninguém foi preso nem houve conflito com criminosos.

Perigo de morte

O médicos que operaram a estudante Luciana Gonçalves de Novaes, de 19 anos, disseram ontem ser cedo para avaliar se ela ficará com movimentos de braços e pernas comprometidos. A jovem permanecerá em coma induzido, respirando por aparelhos, pelo menos até segunda-feira. “É impossível prever qual o quadro neurológico dela enquanto não suspendermos a sedação”, disse o neurocirurgião João Augusto Nasser. Ele afirmou que o quadro clínico de Luciana é “estável”, mas ela ainda corre risco de vida. Luciana foi operada anteontem, no Hospital Pró-Cardíaco, para a retirada da bala e a colocação de duas próteses em sua coluna. A estudante foi ferida dia 5, dentro do câmpus da Universidade Estácio de Sá por disparosprovenientes do Morro do Turano.

Dois policiais do tráfico são presos

Rio

– O secretário de Segurança Pública, Anthony Garotinho, informou ontem que dois policiais militares foram presos por envolvimento com o tráfico. São eles: o tenente Anderson Silva dos Santos, 43, há 19 anos na corporação, e o sargento Celso Cardoso Pacheco, há 22 anos na PM. Segundo o secretário, os dois são suspeitos de participar de um esquema de segurança para traficantes. Os policiais iam na frente do caminhão como batedores, e o traficante, identificado apenas como “Beto”, dirigia o veículo.

A droga era distribuída na favela Fazendinha, que faz parte do Complexo da Maré, e na Rocinha. Garotinho apresentou, ainda, trechos de uma fita que indicam a participação de outros policiais, que ainda não foram identificados. Os PMs presos são lotados no Batalhão (Bangu).

Mas a luta do Rio contra o tráfico mal começou. Garotinho atribuiu ao pânico que tomou conta da cidade o fechamento de várias escolas. O pânico está disseminado em escolas do Rio, que têm recebido supostas ameaças de traficantes por telefone desde que a Universidade Estácio de Sá foi atacada. Garotinho acredita que esteja acontecendo uma onda de boatos. Alguns dos autores das ligações pediram dinheiro e até indicaram números de contas bancárias inexistentes para que as quantias fossem depositadas, segundo o secretário Anthony Garotinho. Ontem, diversas escolas da capital fecharam as portas por causa de telefonemas.

Para Garotinho, depois que a estudante Luciana Gonçalves de Novaes foi baleada na Estácio, criou-se um clima de pânico generalizado e algumas pessoas estão se aproveitando disso para extorquir os donos das escolas. Ele disse que a polícia está investigando a onda de boataria. “Em 99% dos casos, é trote”, disse o secretário.

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