Pode ter ocorrido falha humana em parque, diz delegado

O delegado de Vinhedo (SP), Álvaro Santucci Noventa Júnior, disse hoje (27) que a principal hipótese para a causa do acidente que matou a adolescente Gabriella Yukari Nichimura na última sexta-feira, após queda de um brinquedo no parque de diversões Hopi Hari, no interior de São Paulo, é a de falha humana. “Eu não queria adiantar nada, mas a meu ver é um pouco maior a porcentagem de falha humana do que a de falha do mecanismo do brinquedo”, afirmou Noventa Júnior após nova perícia realizada na atração La Tour Eiffel.

Segundo Noventa Júnior, nos próximos dias serão identificados e ouvidos operadores e outras pessoas que, de acordo com o delegado, “deveriam zelar melhor pela manutenção”. O delegado deverá ouvir ainda os pais da vítima e uma prima, que estava no passeio e acompanhava a família vinda do Japão para passar férias no Brasil. Três pessoas já deram depoimento à Polícia Civil e foram contundentes, segundo Noventa Júnior, em afirmar que a trava abriu durante a queda livre do elevador com 69,5 metros de altura.

Gabriella estava a uma altura entre 20 e 30 metros do chão quando a trava abriu. Ela foi socorrida imediatamente e levada para o Hospital Paulo Sacramento, em Jundiaí, onde chegou morta. Em uma força-tarefa para identificar as causas do acidente, peritos da Polícia Civil, do Instituto de Criminalística e do Ministério Público do Estado de São Paulo fizeram testes no brinquedo durante aproximadamente uma hora e meia, na tarde de hoje. O brinquedo não apresentou falhas mecânicas, segundo os peritos.

O parque funciona de sexta-feira a domingo nesta temporada. Por meio de nota oficial, o Hopi Hari reiterou sua cooperação integral com os órgãos responsáveis em cada etapa da apuração das causas do acidente e reafirmou seu compromisso com a segurança dos visitantes. Para os promotores do Ministério Público do Estado de São Paulo em Vinhedo, Rogério Sanches (Criminal) e Ana Beatriz Sampaio Silva Vieira (Consumidor), ficou clara uma sucessão de falhas. Além da trava de segurança ter aberto, um cinto que poderia funcionar como equipamento complementar de segurança também não teve sua função cumprida.

Segundo o promotor Rogério Sanches, ou Gabriella não usou o cinto de segurança e o operador não exigiu isso dela ou a cadeira sequer tinha cinto de segurança e isso foi ignorado. “Hoje (segunda-feira) todas as cadeiras tinham cinto. Mas o acidente foi na sexta. E posso dizer que é praticamente certeza que a garota estava sem cinto, caso contrário não teria caído”, afirmou. Sanches trabalha com a hipótese de homicídio culposo. “Só estou analisando quem concorreu culposamente. Erro existe, quero saber quem, quantos, quando, como e em que grau erraram”.

De acordo com Ana Beatriz, ficou claro para os peritos que a máquina funciona mesmo se não estiver adequadamente travada. “Não existe sinal sonoro, visual ou algum tipo de alerta que dê ao operador a informação de que o equipamento não travou. Fica pela checagem visual do funcionário. Se ele falha, o sistema sobe sem travar”, disse a promotora. Ana Beatriz instaurou inquérito civil para avaliar questões gerais de segurança do parque do ponto de vista do consumidor. “Esse inquérito visa verificar se houve ou não negligência do parque na manutenção do brinquedo e tem caráter preventivo em relação a outros equipamentos”, afirmou.

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