PM-PE descumpre decisão judicial e permite passeata de policiais

A Polícia Militar de Pernambuco não cumpriu a ordem do Tribunal de Justiça do Estado, de impedir hoje a realização de uma manifestação dos policiais civis, em greve por melhores salários.

Além de não impedir a ação, os PMs, em quatro carros e 12 motos, escoltaram os cerca de 500 manifestantes durante a passeata realizada por eles na avenida Agamenon Magalhães, uma das mais movimentadas de Recife.

A atitude dos policiais militares surpreendeu os grevistas, que temiam um confronto armado entre as corporações.

Do carro de som, o presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco, Cláudio Marinho, agradeceu: “Somos gratos aos PMs, que preferiram não confrontar com seus coirmãos”, disse ele.

A ordem para a Polícia Militar impedir a manifestação partiu do desembargador Silvio de Arruda Beltrão.

Na semana passada, ele já havia julgado a greve ilegal, a pedido do governo do Estado. Na sua decisão, Beltrão fixou multa de R$ 20 mil por dia em caso de descumprimento da ordem.

Os policiais civis ignoraram a determinação e decidiram manter o movimento. Em assembleia realizada sexta-feira, marcaram o protesto de hoje.

Beltrão proibiu o ato sob alegação de que ele poderia “importar em grave lesão à preservação da ordem pública, podendo, inclusive, incitar a desobediência civil e a criação de tumulto”.

Diversas tentativas de acordo foram feitas durante o dia para tentar cancelar a manifestação.

O arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, propôs ao comando de greve a suspensão do ato em troca de uma reunião com o desembargador. Os grevistas não aceitaram.

Segundo o presidente do sindicato dos policiais civis, a PM também entrou em contato com os grevistas para pedir o cancelamento do protesto, em vão.

Passeata

A passeata, entretanto, aconteceu pacificamente. Os grevistas caminharam cerca de dois quilômetros, até o centro de convenções, onde funciona provisoriamente a sede do governo estadual.

Os portões do centro estavam fechados e protegidos por soldados armados. Os manifestantes não tentaram entrar. Pediram um lugar para fazer uma assembleia, e foram atendidos.

Cones de borracha foram retirados de um dos acessos, e, no local, os policiais civis decidiram, por unanimidade, manter a paralisação.

O governo do Estado e a Polícia Militar não se manifestaram sobre a decisão da PM de descumprir a determinação da Justiça.

O Tribunal de Justiça e o desembargador Beltrão também não se pronunciaram sobre o assunto.

Os policiais civis reivindicam reajuste salarial de 65%, além de melhores condições de trabalho.

O governo do Estado afirma que definiu com a categoria, no ano passado, uma política salarial até 2014, e que esse acordo será cumprido.

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