Planos de saúde administram 500 hospitais no País

O número de hospitais administrados por planos de saúde aumentou 66% nos últimos dois anos no Brasil. O crescimento é motivado pela preocupação de operadoras do setor em reduzir custos com assistência médica e fomenta um intenso debate sobre possíveis prejuízos à qualidade geral dos serviços. Segundo dados do mercado, atualmente 500 hospitais no País são administrados por planos, ante 300 há dois anos.

“A idéia é ter um controle melhor do custo, é uma tendência”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), Arlindo de Almeida. O fenômeno, chamado de verticalização, é verificado principalmente entre operadoras de planos, uma vez que as seguradoras têm limitações legais para adquirir serviços. As operadoras são as que têm mais usuários e que só permitem o uso de médicos indicados.

Almeida explica que as empresas do setor tradicionalmente possuem seus próprios serviços, mas a abertura recente de capital na Bolsa de Valores por grandes empresas do setor, como Amil e Medial, impulsiona novas aquisições. Além disso, as compras de pequenas e médias empresas de planos por grandes companhias do setor faz com que determinadas operadoras tenham um maior número de serviços sob seu controle.

Preocupação

“Nós olhamos essas mudança com muita preocupação”, diz o diretor-executivo do Hospital Santa Catarina, Fabio Tadeo Teixeira. Representantes de hospitais privados independentes, de grande porte, como o Santa Catarina, o São Luiz e o Albert Einstein têm alertado que a verticalização poderá afetar a qualidade geral de atendimento, com cortes de exames e insumos hospitalares. Destacam ainda que o fato de estarem sendo preteridos pelos convênios poderá significar menor recursos para que continuem a investir em tecnologias.

“Concorrência é bom”, diz o diretor de Normas e Habilitação de Operadoras de Saúde da Agência Nacional de Saúde Suplementar, Alfredo Cardoso. “Mas também já tivemos experiências de verticalização que não foram eficientes, o custo era maior e a qualidade, pior”, alertou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.