Planalto vai investir em tucanos e PR para salvar CPMF

A três dias da votação no Senado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros que participaram da reunião da coordenação política, no Planalto, concluíram que não têm os votos necessários para garantir a prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) até 2011, uma arrecadação anual de pelo menos R$ 40 bilhões. Da reunião saíram duas decisões: convocar a bancada do PR para uma conversa com o ministro Alfredo Nascimento (Transportes), que é do partido, e insistir na tentativa de conquistar ?um ou dois votos? tucanos.

A reunião da bancada do PR, no Ministério dos Transportes, contou com a participação do ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro (PTB). O próprio presidente Lula cuidou do cerco aos tucanos, telefonando para o governador de Minas, Aécio Neves.

Mas até agora a investida sobre o PR rendeu apenas queixas de César Borges (BA) e Expedito Júnior (RO), deixando o Planalto sem a garantia de seus votos. Nessa conta, o governo tem hoje, no máximo, 48 votos e a oposição 33 – 13 do PSDB, 14 do DEM, três do PMDB (Jarbas Vasconcelos, Mão Santa e Geraldo Mesquita), 1 do PTB (Romeu Tuma) e 2 do PR (Borges e Expedito). Para aprovar uma emenda constitucional são necessários 49 votos.

Borges e Expedito são os principais alvos do governo no PR. Borges tem acordo com o DEM, que ele trocou no mês passado pelo PR. Pelo acordo, ele votaria contra a CPMF, mesmo estando na base aliada, e o DEM não contestaria na Justiça Eleitoral a troca de partido. O Planalto ofereceu a um filho do senador um cargo na Docas da Bahia. ?Mudei de partido, mas não mudei de opinião (sobre a CPMF)?, tem dito Borges.

Além de Lula e de José Múcio, os ministros José Gomes Temporão, da Saúde, e Guido Mantega, da Fazenda, estão ligando para senadores e governadores. Mantega ocupa-se, preferencialmente, dos senadores que já foram governadores – como Marconi Perillo, tucano que governou Goiás entre 1999 e 2006.

Ao final da reunião da coordenação política, Múcio fez um balanço enigmático sobre a votação: ?A margem é pequena de um lado e de outro. Nesta terça, seria uma vitória para ambos os lados.? O ministro admitiu que o governo concentra suas conversas em 5 dos 53 senadores aliados: Expedito, Borges, Pedro Simon (PMDB-RS), Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), e Romeu Tuma (PTB-SP). Lula deve se encontrar com Simon para discutir o problema financeiro do Rio Grande do Sul.

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