Planalto prorroga afastamento de Lacerda da Abin

Apontado como o comandante informal da Operação Satiagraha, o delegado Paulo Lacerda teve seu afastamento da direção da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) renovado por mais 60 dias. Despacho cifrado publicado na edição de ontem do Diário Oficial manteve o “exílio” do delegado e traduziu o desconforto do Palácio do Planalto com a extensão da participação de agentes da Abin na operação da Polícia Federal que culminou com a prisão do sócio-fundador do Grupo Opportunity, Daniel Dantas, no dia 9 de julho.

A publicação da portaria coincide com a apreensão, pela PF, de documentos, laptop, rádio e celular do delegado Protógenes Queiroz, no hotel onde estava em São Paulo. Houve blitze também em outros dois endereços do delegado, em Brasília e no Rio – onde mora seu filho Felipe, de 22 anos. Também nesses locais foram recolhidos pertences e equipamentos do delegado, alvo de inquérito que investiga vazamento de informações sigilosas da Operação Satiagraha, da qual foi o executor.

Assinado pelo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Jorge Armando Félix, o ato renovou, também, o afastamento pelo mesmo período do diretor-adjunto da agência, José Milton Campana, e do chefe do Departamento de Contra-Inteligência, Paulo Maurício Fortunato Pinto. Braço direito de Lacerda na Abin, o delegado da PF Renato Porciúncula também foi mantido fora de seu posto.

Oficialmente, o afastamento foi prorrogado porque ainda não foram concluídas as investigações realizadas pela PF para verificar se agentes da Abin teriam gravado ilegalmente conversas telefônicas do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, com o senador Demóstenes Torres (DEM-GO). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.