Planalto aconselha Renan a evitar confronto com oposição

O governo acredita que o recesso parlamentar, a partir de quarta-feira, servirá para esfriar a temperatura da crise política e já aconselhou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a sair de cena. Em conversa com o senador anteontem à noite, uma hora antes da sessão do Congresso que aprovou a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2008, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu a ele que evitasse o confronto com a oposição e não revidasse provocações.

?Bota cera no ouvido?, reforçou um dos ministros presentes à reunião, quando Renan disse ser muito difícil agüentar calado o bombardeio da oposição. ?Tire férias com a família e descanse?, aconselhou Lula. Perto dele, o senador José Sarney (PMDB-AP) assentiu.

A preocupação do presidente, que já havia convencido Renan a não comandar a sessão para votar a LDO, é que o aliado torne sua sobrevivência cada dia mais insustentável, prejudicando a vida do governo. Na tentativa de convencê-lo de que a tática do confronto é a pior possível, Lula lembrou até mesmo do peemedebista Ulysses Guimarães, ex-presidente da Câmara morto em 1992, que deixava os adversários exercitarem a oposição no plenário sem mover um músculo da face.

Lula ficou muito contrariado com a reação de Renan na noite de terça-feira, quando, visivelmente alterado, rebateu pedido de afastamento feito pelo líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM). Em tom de voz exaltado, disse que a oposição teria de ?sujar as mãos? para ocupar sua cadeira. Renan é acusado de pagar suas despesas pessoais com recursos de um lobista e, apesar dos conselhos de Lula, ainda não decidiu se vai viajar. O Conselho de Ética, que investiga denúncias contra ele, não vai trabalhar no recesso.

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