continua após a publicidade

Foto: Arquivo
Temer: não há como barrar entrada de políticos no partido.

São Paulo (AE) – O presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), afirmou ontem que não acredita na realização da reforma política, durante palestra realizada sobre o tema, no Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp). ?O próprio fato de o presidente da República deixar a reforma ministerial para depois das eleições das mesas da Câmara e do Senado demonstra claramente que o governo se inclina novamente para a política de cooptação?, declarou.

Para o senador, é necessário o presidente ter a consciência de que não pode repetir ?este grave erro?. E continuou: ?E se essa decisão do presidente da República de cooptar partidos e integrantes da oposição para partidos da base aliada, nós vamos ter a repetição do quadriênio passado, na qual a cooptação comandada pelo ex-ministro José Dirceu e operada por Waldomiro Diniz deu no que deu e a reforma política não saiu?.

Durante o evento que discutiu a reforma política, o senador pefelista disse que para implantar essa medida, é preciso acabar com os chamados balcões de negócios. ?Basta ter que vencer o balcão de comércio daqueles que não querem a reforma política?, disse, reiterando que alguns não desejam a fidelidade partidária com a finalidade de negociar seus votos em votações importantes no Congresso.

continua após a publicidade

Em entrevista concedida após o evento, Bornhausen voltou a falar da disposição de seu partido em fazer a presidência do Senado. ?O PFL é o maior partido do Senado e é justo que possamos pleitear (a presidência). Além disso, é uma salvaguarda democrática que equilibra o parlamento nacional, especialmente para um governo que demonstrou ter garras autoritárias?.

Sem benesses

Foto: Lucimar do Carmo/O Estado
Bornhausen: PFL está interessado na presidência do Senado.

Também presente ao evento sobre reforma política na Fiesp, o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), criticou duramente a crescente adesão de parlamentares de outras siglas à sua legenda devido a coalizão que os peemedebistas firmaram com o governo do presidente reeleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). ?A coalizão não implica concessão de benesses, mas sim união de forças políticas em prol da governabilidade?, disse Temer.

continua após a publicidade

Segundo o parlamentar, em termos numéricos, a adesão pode ser até um fator positivo. ?Mas em termos programáticos é muito ruim, pois desvaloriza o partido perante a opinião pública, dando a impressão de que se quer as benesses do governo federal?, considerou.

Apesar de ter criticado a eventual adesão de parlamentares de outros partidos à sua legenda, atraídos pela coalizão firmada com o governo Luiz Inácio Lula da Silva, Temer admitiu que não há como barrar a entrada de políticos no partido. ?Negar, não tem, mas tem como examinar cada caso dessa eventual adesão e essa é a minha proposta?, declarou. Na sua avaliação, é fundamental que os políticos tenham uma visão programática para o País. ?A adesão deve se dar em função dos programas do partido e não porque o partido apóia ou não o governo. Este é um mal que devemos retirar da vida pública brasileira?, afirmou.

Questionado se a procura pelo PMDB é grande, Temer disse que há muito boato e conversa. ?O que se fala é que o PMDB poderia vir a ser o grande desaguadouro daqueles que não quiserem ficar em outros partidos. E se for única e exclusivamente porque o partido fez uma coalizão, acho ruim para o sistema político partidário do País?, emendou.

O deputado voltou a dizer que está confiante na realização da reforma política já no ano que vem. ?Estou esperançoso de que ela saia. Tenho esperança renovada, porque o consenso se faz pelo diálogo. E se não tiver, vamos para o voto?, declarou.

Outro participante do evento, o deputado petista José Eduardo Cardozo (SP), afirmou também que existe um espaço muito grande entre querer a reforma política e promovê-la de fato. ?A reforma política é da sociedade e não do governo. Enquanto houver disputa política, ela não vai sair e os escândalos históricos podem se repetir?, avaliou o petista.