PF investiga cartel de refrigeração

Uma operação internacional uniu a Polícia Federal (PF) e autoridades norte-americanas e europeias para investigar a suposta formação de cartel mundial na fabricação e venda de compressores para refrigeração. Pela primeira vez, em um caso de suspeita de crime contra a ordem econômica, mandados de busca e apreensão foram cumpridos simultaneamente no Brasil, nos Estados Unidos, na Itália e na Dinamarca nas empresas investigadas. No Brasil, a Operação Zero Grau foi coordenada de dentro da sede da Superintendência da PF em São Paulo pelo delegado William Morad, chefe da Divisão de Polícia Fazendária do órgão.

Morad dividiu a tarefa com integrantes da Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça e com integrantes do Grupo de Atuação Especial e Repressão à Formação de Cartel e à Lavagem de Dinheiro e de Recuperação de Ativos (Gedec) do Ministério Público Estadual (MPE). Seis mandados de busca e apreensão foram cumpridos no Brasil em São Paulo, em São Carlos (SP) e em Joinville (SC). Nos EUA, agentes do FBI, a polícia federal norte-americana, revistaram a sede de uma das empresas enquanto fiscais da União Europeia fizeram o mesmo na Itália e na Dinamarca. A ação foi considerada um sucesso.

Entre os alvos dos federais está a Whirlpool S.A., que controla as marcas Consul e Brastemp, cuja sede na Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, no Brooklin, na zona sul de São Paulo, foi revistada por cerca de 20 agentes. Foram ainda vasculhadas empresas do setor em São Carlos e Joinville. Funcionários e representantes das empresas investigadas foram levados à sede da PF em São Paulo, onde prestaram esclarecimentos até as 22 horas desta terça-feira (17). A empresa, que é a única no Brasil que fabrica todos os produtos da linha branca – de freezers a fornos de micro-ondas – é subsidiária da Whirlpool Corporation, a maior fabricante mundial de eletrodomésticos.

A investigação que envolve o mercado de compressores de refrigeração nasceu de um inquérito da PF aberto na delegacia de Araraquara (SP). Os federais informaram à SDE sobre o inquérito e também o Gedec, pois durante a apuração teria ficado claro que, em tese, o delito supostamente cometido contra a ordem econômica seria de competência da Justiça estadual, motivo pelo qual a PF pediu à Justiça em São Carlos (SP) a expedição dos mandados de busca e apreensão.