PF considera homicídio o desaparecimento de índio

A Polícia Federal em Mato Grosso do Sul está tratando, pela primeira vez, como homicídio o desaparecimento do índio Nísio Gomes, 59, ocorrido em novembro de 2011, durante ação de retirada de índios guarani-caiovás de um acampamento na fazenda Nova Aurora, na divisa entre Aral Moreira e Ponta Porã.

Até então, o episódio envolvendo Nísio Gomes, líder do acampamento Guayviry, era tratada como desaparecimento de pessoa.

Hoje, a PF cumpre oito mandados de prisão relacionados ao caso em Ponta Porã.

Seis dos suspeitos que tiveram a prisão decretada são produtores rurais, um é advogado e outro é servidor público.

Todos tiveram participação no planejamento da ação ou no fornecimento de armas para a ação de retirada dos índios, segundo a polícia.

A PF informou que novas provas encontradas indicam que Gomes foi morto por pessoas vinculadas a uma empresa de segurança privada de Dourados (MS), contratada para retirar os índios do acampamento.

O corpo do índio ainda não foi encontrado, mas as buscas continuam, segundo a polícia.

Ataque

Segundo relato dos índios, na madrugada de 18 de novembro 2011, homens encapuzados invadiram o acampamento Guayviry para expulsar os guarani-caiovás da fazenda. A área é disputada por produtores e índios.

Tiros de borracha foram disparados na ação. Os índios disseram que Gomes levou três tiros no peito.

No dia 21 de dezembro de 2011, a PF havia indiciado dez pessoas por participação no confronto no acampamento.

Naquele dia, quatro fazendeiros, um advogado, dois administradores de uma empresa de segurança e três homens contratados para a retirada dos índios foram indiciados por formação de quadrilha e coautoria de lesão corporal. Ninguém foi preso.

No dia 15 de junho de 2012, outros dez suspeitos de participar do ataque foram presos. Alguns deles já haviam sido indiciados pelo confronto. Segundo a PF, ninguém confessou participação na morte de Nísio Gomes.